[Você deveria, pelo menos desta vez, ouvir Keep You Head Up]
Busco por isso todos os dias quando acordo e, quer saber, talvez eu nem esteja perto de encontrar. Talvez essa angústia toda que bate aqui dentro não se cure com Facebook e Instagram, nem com cinema sozinho na sexta à noite e balada no sábado com os amigos. Talvez seja uma coisa meio minha, meio interna demais, sabe? Um alarme que dispara sempre, que me deixa inquieto e que me faz buscar por aí muito mais do que uma resposta. Talvez eu busque uma pergunta que ainda não me fizeram e que eu esteja doido pra responder, uma coisa que vai ser reconhecida assim que eu puser os olhos nela e isso pode ser tanta coisa que eu continuo vasculhando o mundo. E eu não tô falando sobre relacionamentos.
Numa rotina equilibrada entre o suco de laranja e o chopp no happy hour, eu organizo as coisas numa escala de vida e me ponho pra baixo. Fico pensando se algum dia vai chegar o grande dia, o dia em que eu vou me sentir especial o bastante pra olhar por cima dos óculos e reconhecer que tá tudo ótimo, próximo! No meio disso, eu não tenho me obrigado a ser feliz. Nada… felicidade dá um puta trabalho, imagina se eu fosse feliz só por obrigação? Eu acho que eu busco alguma coisa além de feliz, alguma coisa além de amado, alguma coisa que ainda não inventaram e que vá satisfazer esse poço cavado dentro de mim. Enquanto isso, eu coleciono histórias, perfumes, pessoas e o que eu mais achar interessante pelo caminho.
Cê já reparou que cada pessoa é um mundo? E que cada mundo tem personagens que podem servir pra sua literatura diária, que podem inspirar a gente a ir além, que podem contar de coisas desde o Sudeste Asiático ao meu cantinho aqui no Rio de Janeiro que você nunca ouviu falar? Nesses esbarrões todos da vida, eu busco você. Eu busco um beijo molhado de praia, uma abraço friorento no Sul, sexo meio apertado no carro e te deixo escapar pelos meus dedos sem tristeza nem remorso porque você compartilhou teu mundo comigo. E sigo procurando outros mundos pra ver se encontro.
Busco nos sentidos e nas palavras, meu corpo é quase um livro e você vai perceber que muita gente, muita chuva, muito choro, muita luta ainda vai transcrever pedaços imaginados de vida na tua pele. Busco e tenho isso tão claro em mente que acho que me perder vai ser fácil, mas nem me importo. Visto o meu melhor sorriso, meio Black Tie, meio palhaço e pinto o teu nariz com sorvete. Te faço feliz e você me aponta um pouco a direção que eu devo seguir? Se não souber, tudo bem, eu te faço feliz mesmo assim pelo tempo que eu ficar aqui, pelo tempo que a inquietação não me bater e eu pensar que é hora de ir, boa noite, meu amor.
E olha, não esquenta muito a cabeça com a vida, porque talvez você também esteja nessa jornada e nem saiba. Nem vale se martirizar tanto por deixar alguém pra trás, porque se for amor, você volta. Se não for, você continua buscando alguma coisa, alguma resposta, mas nem vem sentir culpa por isso. Não é falta de foco, é peito cheio de mais esperança pra encontrar aquela coisa, aquela que você tanto sonhou, a tal da pergunta que pode salvar a sua vida de ser um pouco menos comum, um pouco menos ordinária. Talvez você também esteja buscando, vem comigo, aproveita a viagem e olha bem a paisagem. Cê não achou o mundo lindo? Então fecha os olhos, respira fundo e continua nessa caminhada. Juro que isso não é mais um texto pra você largar tudo por aí e vir embora, se sentir infeliz ou me achar piegas. Aliás, você pode me achar piegas. É seu direito, exerça-o sempre.
Mas esse relato é só uma tentativa minha de continuar buscando sem sentir culpa, de tentar achar uma pergunta e um modo de pedir ajuda. Você pode estar um pouco perdido, mas continue andando. O que eu ando procurando sou eu. Talvez você também esteja.