A pergunta que ninguém faz


[Você pode ler este texto ao som de Tom Odell – Another Love]

Sacode a poeira. Não sou tapete. Recicla a tristeza. Mas como? Nada sem bóias dessa vez. E me afogo. Esquece da segurança. Num lugar como esse? Toda morte é premeditada. Não sei lidar com destino. Escreve sua própria história. Engoli as palavras e não sobrou nenhuma. Vira essa página. Não sei ler sinais. Deixa o passado ser passado de vez. Como? Se eu fosse você… Você entenderia de falta. Ame mais e muito. Só que amor rasga a garganta. Sorria pros outros. Com as janelas fechadas e os dentes rangendo? Deixa estar. E estou, estou assim faz tempo.

Vai ficar tudo bem. Tudo fica, mesmo que nunca seja bom. Você tem que viver um dia após o outro. Meu relógio parou de tocar na décima primeira badalada e nunca fechou o dia. Você tem que parar de pensar no passado. Fui feito de lembranças e da memória que me prega as imagens de ontem como se vivesse num ciclo. Acho que você precisa conhecer gente nova. Nesse labirinto? Valorize-se. Isso não tem a ver com valor, tem a ver com perda e encontro. Quando você menos esperar, algo vai acontecer. Acontece todo dia, como um martelo viciado num prego cego, quando eu menos espero. O tempo cura tudo. Tempo não trabalha com cimento e tudo o que sei é sobre desconstrução. Amanhã vai ser melhor, você vai ver. Mais uma manhã pra começar tudo de novo do mesmo jeito – com a mesma dor – e ninguém vai notar. Põe um sorriso nessa cara e tudo melhora. Tá aqui, congelado, armado e implorando pra que finalmente se preocupem e me perguntem.

– E o vazio?
Vazio é o que não falta.

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