Disfunção esquálida: relato sedimentado no fundo de coisa qualquer


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E então me pego pensando sobre as linhas: quando o espaçocarinho transcende o corpomatéria e se instaura nas doces linhas que deixas enquanto olhas no mais fundo da minha testa. Sufoco e ardo, num rompante de lucidez: para enxergar é preciso que se feche os olhos, entende? É preciso que se enxergue com as mãos, com os cheiros, com o vento que os gestos fazem no ar. Suas linhas todas me são vivas no olhomental que carrego no fundo do estômago. Não preciso de olhos se tenho olhos na ponta dos dedos, na cavidade ínfima do nariz, no espaço mesmo entre o ombro e o pescoço. Te ofereceria um buquê de rosas, ou até uma caixinha de música, mas só tenho essas palavras… o espaço dentro do corpo ficou pequeno pra tanto sentir. Mas sentir é sempre entrega. É tanto entregar-me que em mim nada mais resta. É tanto dar-se que em mim nada mais cabe. Porque o dar também implica num movimento interno. E esse movimento acaba por preencher deixando vazio. Daí só me sobram as palavras… Consegue fazer sentido? Escrevo palavras rápidas pra não encerrar o tempo: a busca é sempre uma forma de esquivar-se, entende? É preciso que se seja, se seja indo sem relances, sem tamanhos esforços… é preciso que se continue. Te escrevo porque não saberia dizer-te. Mas você precisa de voz, de corpo, de coisareal. (o que faço com todos estes versos agora que o tempo já passou?) (o que faço com estas palavras se já mastigas sem medo o rumor de coisasnovas –e não dói?) é preciso que se seja rápido, instante, disfunção ardente que não cabe em nenhum parágrafo ou coisamorta, entende? vou me sendo enquanto ainda não sou e espero com rosas nos cabelos: embaixo da chuva.

 

coraçãoalagado ((( suspiro )))

é porque me alagas que sempre

insisto

 

– e as linhas… vão ser sempre as linhas quando eu me lembrar de você.

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