– Eu vi o que você fez ao final daquele livro…
– Que bom que leu.
– Vi o que tem feito a você mesma, também. Tentando se punir. Como se a culpa fosse sua. Como se houvesse culpa alguma…
Ela o interrompe – Como se fosse de saudade.
– E é? Você não sente saudade.
– Não sentia.
– E por que haveria de sentir agora?
– Por causa da linha do queixo.
Ele não entende. (Nunca entendia.)
Ela percebe. (Sempre percebia.)
– A linha do seu queixo. Sua linha do queixo… E como você me tira da linha. E o encaixe da sua perna e a dobrinha do joelho e a cicatriz perto do umbigo como se fosse uma seta…
Ele a interrompe – Você também se encaixava…
– Mas alguma coisa não.
– Deve ter sido o livro.
– O livro todo ou o final dele?
– O final veio depois da história já ter acabado. Acho que foi o livro. É, foi ele, sim. As palavras e as frases grandes e a noite fria e a cama vazia e pouco verso e pouca rima e a hora marcada…
– … Pra te ver partir – mais uma interrupção – Já estava agendada a sua partida. Desde o primeiro parágrafo.
Ele a encara. Pensa. As palavras dela sempre o foram incompreensíveis.
– Não concordei com o final. – Ela não diz nada, ele continua – Terminou sem beijo.
Houve um barulho e, se houvesse alguém ali, naquela hora, diria que era um trovão.
Ela acorda. Não há presença, não há diálogo.
Há livro. As palavras e as frases grandes e a noite fria e a cama vazia e pouco verso e pouca rima e a hora marcada…
… De ligar e dizer o que não disse pessoalmente. (Nem no sonho.)
Mas não liga. Não diz. Não muda o final do livro.
Dia desses encontraram-se perto da praça da estação.
– Eu vi o que você fez ao final daquele livro…
– Que bom que leu.
– Ficou bacana.
– Obrigada. Tenha um bom dia.
– Bom dia.
Talvez seja o amor grito e volta.
Talvez o amor seja partida…
… E silêncio.
E revolta.
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Carol gosta do pôr do sol e de flor no cabelo.
No Twitter atende por @carolinafava e não faz muito sentido. Já diria Quintana que quem faz sentido é soldado…
Para ler mais dessa jovem autora – responsável por esse texto – basta acessar o blog dela.