Atende o celular. Atende esse merda de celular. Eu já deixei mais de trinta recados na sua caixa eletrônica pedindo desculpas. Já te disse que eu entendo perfeitamente o quão idiota eu fui com você. Nunca deveria ter dito ‘eu te amo’, eu sei. Foi isso que estragou tudo. Enquanto a gente só ensaiava um relacionamento com passos mal coreografados, você se assustou com a possibilidade de algo real.
E agora você some assim, sem deixar nenhum rastro. Essa sua operadora telefônica também insiste em não ajudar. Você não fez nenhum check-in no Foursquare nesta semana. Isso me preocupa, sabe. Me faz pensar se você realmente decidiu seguir um caminho pelo qual eu nunca possa te encontrar de novo. E já se foram mais de dois maços de cigarro só na noite de ontem, meu amor. Aquele saxofonista da Rua do japonês das sextas-feiras tocou a sua música favorita. Quase atirei uma pedra naquele maldito. Mas percebi que ele não teve culpa nenhuma por você ter tomado essa decisão. Nenhum de nós teve. Foi só a sua vontade.
Não passa nada de bom na televisão sempre ou sou só eu que não tô achando mais graça das coisas porque você não está aqui comentando como aquela atriz lindíssima tem uma cara de cavalo gigante e imitando o peixinho do “Procurando Nemo” ? Sou só eu ou o mundo também sente a sua falta ? Sabia, estava só esperando. Toca o celular, deve ser você.
Ah, droga. Não foi chamada perdida. Foi aviso de check-in no Foursquare. E você acaba de se tornar a Major do número 508 do Edifício Castelo. Esse é o meu apartamento. E a campanhia toca. Eu só vou abrir a porta porque esperei a minha vida inteira por esse momento. Eu só vou abrir a porta porque não aguento mais ficar sem você.
Você está usando aquele vestido vermelho que eu te dei de aniversário. “Boa noite, meu amor.” Não fala nada, deixa só eu te abraçar. Deixa eu deslizar minhas mãos pelos teus ombros macios, sentir o gosto da sua boca. Deixa eu te sentir mais perto. Adoro quando você aperta a minha nuca enquanto eu beijo o teu pescoço. E me puxa pra mais perto. Me puxa mais forte. A gente não se contenta com o espaço que ainda existe entre a gente. Eu quero você comigo. Você me quer mais perto ainda.
Vem, deixa eu te tirar de dentro desse vestido. Deixa eu te mostrar que o meu mundo voltou a sorrir. Não fala nada, deixa eu te morder. Deixa eu manter um pedaço teu junto de mim. Deita comigo. Deita do meu lado. Deita em mim. Me deixa ser tudo o que você precisa agora. Me deixa fazer teus olhos revirarem, tua boca pedir mais. Me deixa sugar tua alma. Eu preciso muito mais de você do que você imagina. Eu realmente morro de vontade de você.
Deixa eu te abraçar. Deixa eu te levar pra perto de mim. Eu sou seu. Me olha nos olhos, puxa os meus cabelos. Eu sei que você adora quando eu seguro nos teus longos cabelos castanhos e te puxo pra longe. Só assim você pode ver nos meus olhos o quanto eu te quero bem. E o quanto eu te pertenço. Cola a tua boca no meu ouvido. Diz baixinho, no ritmo da sua respiração ofegante. Me diz o que você queria ter dito e não conseguiu. Me diz o que você queria ter dito e não fez por orgulho.
“Eu te amo”. E desaba em cima de mim com o peso que tirou das costas. E se entrega de verdade depois de admitir o seu maior medo. E confia nas minhas mãos pra te conduzir pelo meu corpo. “Eu te amo”. E aceita a condição de que eu sou apenas seu. Nós dois, orgulhosos, fechamos os olhos e nos entregamos aos nossos sonhos.