Teoria quase-romântica de como você se tornou um grande babaca amoroso


Você leu todos os livros de romance e frustração que seus amigos indicavam, incluindo aqueles de crônica do Carpinejar e da Tati Bernardi. Você viu os filmes dramáticos em que os mocinhos choravam noites a fio, ficavam sozinhos, perdiam o grande amor das suas vidas enquanto seus melhores amigos estavam jogando vídeo game e estourando miolos, onde o máximo de romantismo encontrado era a expressão “caralho, eu te amo (insira o nome do seu player), vamos botar pra foder geral!”. Você ficava em casa quase cortando os pulsos ouvindo o seu álbum do Coldplay e pensando naquela menininha de 13 anos que partiu seu coração quando te disse algo sobre vampiros, você ser feio e meloso demais pra ela.

Sim, meu amigo. Depois de todas essas constatações, você é definido como um mimado amoroso! Um grande chato que acredita em todas as desculpas esfarrapadas quando toma um toco, que aceita que ela não poderá sair com você porque tem prova de Ping Pong I na faculdade e precisa muito estudar pra essa matéria numa sexta à noite – mesmo que ela esteja estudando naquela festa alternativinha que ela curte, porque ela diz que a acústica do lugar é excelente e bla bla bla. Você até acredita que o Pokémon favorito dela é o Bulbasaur, assim como acredita que existe amizade fiel entre homens e mulheres.

Essa é a sua cara quando ela diz que não te ama mais porque a Barbie dela não gostou de você.

Daí pra você admitir que é um babaca amoroso, que paga de bonzinho e é quase um emo, é só um pulo. Sabe por quê ? Porque você vai sempre esperar que tudo caia no seu colo como naqueles romances de Hollywood que você assistia aos Domingos e sempre escondeu de todo mundo. Pior que isso, você não vai considerar variáveis nem a realidade: você vai esperar conhecer aquela guria meio nerd-porém-gostosona que adora The Big Bang Theory, joga RPG e sabe todas as piadas envolvendo trocadilhos no mundo. Mas você, não satisfeito em esperar que ela surja, vai querer também encontrá-la num acidente de carro onde você salvaria a vida dela e ela se apaixonaria imediatamente por você, mas aí o pai dela proibiria o romance e vocês fugiriam pra serem felizes. O típico final de história que te impressiona e que você é meio mongol em ficar pensando nele.

Mas amigo problemático, isso tem uma causa e uma conseqüência. Talvez você tenha ficado exposto por muito tempo àquela música do Black Kids ou assistiu Cidade dos Anjos demais com a sua irmã mais nova. Talvez você realmente acredite que amor é uma coisa fantástica e que a realidade é muito pouco pra você e pra isso tudo que você sempre quis que acontecesse. Talvez você seja meio bitolado e tome Nesquik de morango enquanto lê Shakespeare. Mas a minha teoria é a de que você, provavelmente, teve algum tipo de “primeira decepção amorosa” quando era mais novo e resolveu se jogar no abismo de fuga que é a cultura romântica suicida.  Daí pra frente foi só burrada atrás de burrada, deveras vezes motivada por essa sua criação amorosa. Até porque, amor também faz escola. E a sua vida amorosa inteira vai sendo moldada de acordo com as suas experiências anteriores, sejam elas positivas ou negativas.

O que o Coldplay e os filmes do TC Touch fazem com você.

E é dessa conseqüência que eu estou falando, amigo problemático. Você vai ter sérios problemas de relacionamento, por mais que você seja um José Mayer da vida real e pegue 3 mulheres por noite, em horário nobre. Vai ser aquela dualidade entre não conseguir ficar sozinho e estar sempre sozinho, se é que você me entende. Insegurança, infelicidade, insatisfação… São alguns do “in” que você mais vai se deparar no seu perfil psicológico em relacionamentos.

Mas existem algumas soluções, meu caro. Você pode atear fogo naquela pilha de livros enganadores que usam frases bonitas e protagonistas que grudam na sua cabeça. Você pode mudar de banda depressiva preferida, fingindo que Coldplay nunca existiu e indo ouvir um rockzinho bacana. Você pode ir conversar com aquela menininha filha da puta de 13 anos que foi quem iniciou isso tudo e ver se tira alguma lição disso tudo. Ou você pode, simplesmente, resolver ver a sua vida de uma forma diferente e tentar mudar alguns pontos.

Não é simples, não é fácil, não é interessante à primeira vista.  Mas quem falou que amor é fácil? Se fosse, existiriam mais jogos com missões de conquista do que jogos com missões de destruição.

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