Não vale a pena sofrer por uma paixão meio bosta


Young woman admiring the sunset over fields

[Você pode ler este texto ao som de Vagabond]

Paixão é uma droga. Das mais pesadas. Não há sandice que explique tamanha loucura. Temos motivos aos montes, mas razão que é bom, melhor deixar quieto. A gente se ilude, compra briga e até se engana moderadamente. E isso é tão comum quanto andar pra frente. Cativamos afeto com a melhor das intenções, somos atenciosos, solícitos e aceitamos toda e qualquer desculpa por um motivo óbvio: A esperança de que tudo mude da noite para o dia.

Alguém chega, “se acomoda” e, com a maior das indiferenças, nos faz sentir a estranha sensação de que esse masoquismo vale a pena. Porque a gente gosta mesmo é de sofrer. De lamentar as escolhas ditas erradas na mesa do bar, ouvindo relatos de amigos que também estão na merda, só pra ter uma desculpa que faça com que o descaso se torne algo comum e confortável pra todo mundo.

Digo paixão porque acho que o amor é genuíno demais para nos colocar em presepadas. O bichinho sabe a hora certa de morder e assoprar, pois sabe que reciprocidade é algo realmente raro para se desperdiçar com qualquer “Zé ruela” por aí.

Se tentar entender o que se passa pela nossa cabeça já é difícil, quem dirá tentar raciocinar com o cérebro alheio? Procurando algum possível erro de percurso que fez com que o dito cujo resolvesse abrir mão daquilo que estávamos dispostos a dividir. O desafio de tentar conquistar uma pessoa que está, com o perdão da palavra, pouco se fodendo pra ti, é bizarramente tentador e inútil, eu diria (palavras de um publicitário que já esteve sob as duas faces dessa moeda, meu senhor e minha senhora).

Leva tempo até conseguir compreender que a única solução para o famigerado problema é entrar para a “ceita”: aceita que dói menos (a piada foi horrível, porém necessária). Mesmo que isso nos custe um período de solidão para acalmar os ânimos. Inclusive preciso dizer que todos os meses sabáticos que me dei foram essenciais para que houvesse um amadurecimento pessoal, pois consegui me colocar no meu devido lugar (o de protagonista da minha história). Isso não significa que eu não quebre mais a cara por aí, pelo contrário, ainda quebro muito a fuça escutando desculpas e afins, a única diferença é que eu não as questiono mais, nem sozinho e muito menos para quem jogou ela no meu colo. Eu é que não vou ficar chafurdando nessa lama. Próximo! Vida que segue.

O desgosto é amargo e difícil de se engolir, tipo remédio ruim em doses homeopáticas, mas posso te contar um segredo? Ele nos torna mais doces e empáticos, além de nos fazer perceber que não somos miseráveis o suficiente para aceitar as migalhas de alguém que não nos quer mais.

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