Não sei vocês e nem sei se eu gostaria que se identificassem com o que vou falar agora, mas das muitas coisas que vivi até hoje, em mais da metade delas me perguntei em algum momento “como e por que raios eu vim parar aqui?”.
Apresentação de trabalho em grupo, reunião chata com duração de mais de duas horas (durante as quais você é obrigado a ser legal com gente incompetente), aula de Zumba com um personal gritando “ACELEEERA” naquele microfone da Madonna, almoço de aniversário da tia avó do namorado: eu nunca soube o que estava fazendo em nenhum desses lugares. Nunquinha.
Talvez se alguém se desse ao trabalho de olhar pra minha cara em um desses momentos, conseguiria enxergar a seguinte frase brilhando em um letreiro neon na minha testa: SOCORRO: Eu não tenho a menor ideia do rumo que estou dando para a minha vida!
Até que os 30 foram ficando cada vez mais perto e como diz minha mãe: a água bateu na bunda. Mal sabe ela que me lembro dessa frase toda vez que danço “ela corre na areia da praia e bate com o bumbum na água”. Mal saberia eu que um dia levaria isso a sério. Mal sabem vocês o quanto rebolar minha bunda me dá forças para seguir em frente.
Mas voltando, quando rola esse momento de epifania em relação ao que a gente anda fazendo, viver algo que não te faz feliz no presente e que também não vai servir para N-A-D-A no seu futuro, começa a ser mais torturante do que ouvir Trem-bala versão remixada em uma balada. Sóbrio.
Foi depois disso, de um TED Talk que jogou na minha cara que “8 em cada 10 decisões que a gente toma até os 35 anos vão definir o resto das nossas vidas” e de chorar alguns dias em posição fetal, que cheguei a uma conclusão, dessas que tenho certeza que um dia vai virar frase feita, citada como se fosse da Clarice Lispector: a vida é muito curta para dedicarmos tempo e energia àquilo que simplesmente NÃO FAZ SENTIDO.
E quando digo “se dedicar ao que não faz sentido”, estou me referindo, por exemplo, à faculdade que você não sabe por que começou a fazer, a carreira que nunca brilhou seus olhos, aos (pseudo) amigos que não agregam em nada e aos relacionamentos que a gente tem “só para passar o tempo”. Foco nesse último, atenção pessoal: se tem uma coisa que a gente nunca recupera, nunca mesmo, essa coisa se chama O TEMPO QUE PASSOU. Aí beleza, então me explica o porquê de se envolver com pessoas como uma forma de PASSAR O TEMPO? A ideia é NUNCA MAIS TER DE VOLTA o tempo gasto com gente que não tem nada a ver com a gente? É isso produção? Cês tão de brincadeira com minha cara, né?
Enfim, tô falando de tudo aquilo que a gente faz sem vontade, propósito ou necessidade. E a gente faz muito isso. Tipo essas coisas que acabei de citar. Ou aula de Zumba com um personal gritando “ACELEEERA” naquele microfone da Madonna.
Desgostos da vida fitness à parte, o que eu queria dizer aqui é que, enquanto a gente se ocupar com esse monte de troço desnecessário aos quais se apegou porque acha que não tem nada melhor pela frente, vai deixar de usar um tempo precioso como ele deveria ser usado de verdade: agindo com consciência, encarando tudo como uma escolha e parando de dar desculpas a nós mesmos por nunca estarmos aonde gostaríamos de estar. O que no final, significa tratar a si mesmo com nada mais nada menos do que responsabilidade.
Então resumindo, depois que passei a fazer essas três coisas que falei, principalmente a substituir o “eu tenho que” por “eu escolhi fazer isso”, vocês acham que eu não descobri o rumo que estou dando pra minha vida? CLARO QUE NÃO!
Mas parei com as aulas de zumba. E de perder tempo com tudo mais que considero desnecessário.
Até porque, se a cada dez minutos que passam a gente fica dez minutos mais velho, me recuso a gastar meus próximos momentos de juventude com o que simplesmente não vale a pena.
Você acabou de gastar seus últimos dez lendo esse texto. O que vai fazer com os próximos?