Em algum momento nossos ‘nós’ se perderam. Eu não sei qual foi o acaso derradeiro que rompeu nossa ligação, só sei que há um hiato gigante. Acho que foi uma sucessão de acasos, sabe? Uma mágoa daqui, uma palavra mal dita dali, uma distância que só atrapalha e as interpretações erradas, o tempo todo.
Eu vou me despedir de você. Eu preciso me despedir de você. Eu quero, sabe? Eu quero porque me dói ver nossas memórias bonitas sendo massacradas por memórias novas que, de bonitas, não tem nada. Eu quero me despedir para continuar com o carinho, com a admiração, com a paixão em níveis estratosféricos. Eu quero me despedir para lembrar do teu rosto de menino me olhando, para lembrar do teu toque, para lembrar das palavras bonitas, da música de fundo, da sincronia que tínhamos.
Eu quero me despedir porque você me assusta. Eu quero me despedir porque não sei interpretar mais a tua fala. Eu quero me despedir porque não sei lidar com o teu riso – e não entenda aqui que quero me despedir porque não quero te ver feliz, nada disso. Teu riso me soa deboche, tempo todo. E, por isso, quero me despedir.
Eu quero me despedir para não estragar nossa história. Eu quero me despedir para ficar só com as memórias mais lindas, que dão uma saudade bonita. É isso. Eu quero me despedir para ficar só com a saudade, porque toda saudade é um pouco de eternidade. Toda saudade que fica é para sempre.
Eu quero me despedir para não deixar de amar você.