O que os relacionamentos à distância ensinam sobre “joguinhos”


 

Já faz muito tempo que os padrões de relacionamento atuais estão diferentes. Com o avanço da tecnologia, da popularização de viagens e uma série de benefícios que o ‘mundo globalizado’ nos trás, não são raros os casos de alguém que conhece uma outra pessoa pela internet (e aqui, não estamos falando de Tinder), e com os cuidados devidos – não queremos relacionamentos com psicopatas -, começamos a gostar de alguém de longe.

Antigamente isso poderia ser inviável, mas hoje em dia com as mensagens instantâneas, facetime, skype e outros artifícios que permitem que você veja em tempo real a pessoa com quem você está falando com um simples toque, essas relações estão mais comuns, e elas podem nos ensinar uma coisa muito valiosa.

Por algum motivo, na maioria dos relacionamentos ‘próximos’ que vejo, uma pessoa sempre faz joguinhos com a outra. Isso é, ou age de uma maneira x para impressionar, ou tem uma série de atitudes não muito transparentes que a presença (ou a ilusão dela), máscara.

Já no relacionamento à distância é um pouco diferente. Talvez por se sentirem ‘protegidos’ pela tela, as pessoas se sintam mais suscetíveis a serem quem de fato são, mais vulneráveis. Se você está no Facebook de alguém, verá a pessoa postando o que ela gosta, o que ela ouve. Dá pra ver o que ela curte, um pouco do que ela pensa também. É algo como “este é o meu perfil e isso é quem eu sou. Se te interessa, ótimo. Se não, adicione outra pessoa”.

Dessa forma, é mais difícil o comportamento que tenta se moldar para caber no outro que tanto vejo pessoalmente, e isso pode ser bom.

Tem menos tempo para os joguinhos: vocês dois têm compromissos e nem sempre o horário bate. Quando começam a conversar, podem trocar músicas que vocês amam e tocar em quase todos os assuntos. O fato de não poderem estar juntos ou se falar todo o tempo faz com que as ‘trocas’ sejam especiais, caso contrário, as coisas esfriam rápido e o contato se perde com a mesma facilidade de se enviar um emoji.

Não entrando nos méritos de “Black Mirror” e na manipulação de imagens/impressões sociais que são possíveis numa rede social (mas que fica um pouco mais complicada numa ligação por FaceTime, por exemplo), relacionamentos que começam à distância podem dar certo.

Vale ressaltar que, caso o nível da relação avance para um possível encontro pessoalmente, podemos ter mais um acerto. É que quando o tempo é limitado e o fim (do encontro, nesse caso) seja iminente, isso causa uma sensação mais forte de intensidade, de verdade e de entrega – preferencialmente das duas partes. Se vocês tem três dias juntos, entende-se que vocês farão aquele tempo valer a pena em cada segundo, certo? Enquanto relacionamentos mais “próximos” podem se prolongar por semanas ou meses e não ter a entrega de um fim de semana.

O fato é que, como todos os relacionamentos, os que acontecem “de longe” tem também uma questão enorme de variáveis, perigos e emoções… Mas é inegável que o pensamento de conhecer alguém sem tantas máscaras e com muita intensidade, que pode fazer você viver um fim de semana da sua vida – com sorte -, é tentadora, não é?

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