As pessoas não acreditam mais no amor


[Você pode ler este texto ao som de Perfect]

Durante a alta idade média era comum que as famílias mais tradicionais e abastadas usassem seu brasão em estandartes, armaduras e escudos. Geralmente os brasões tinham armas ou animais em seus desenhos, uma família escocesa, no entanto, fazia diferente. Sua insígnia era pura e simplesmente um coração vermelho. Os membros deste clã iam para a batalha com o coração como escudo.

Ainda hoje em dia existem aqueles que põem o coração à frente de qualquer outra coisa em suas vidas. Parecem ser os herdeiros – ainda que não de sangue, de espírito – dos antigos heróis escoceses. Guerreiros dispostos a receber no peito pancadas, cortes e muito raramente, flechadas.

Eles são chamados de românticos.

E, em muitos aspectos, pode-se dizer que o mundo atual está mais agradável quando comparado ao dos livros de capa-e-espada que nós, românticos, costumamos ler. Mas não no amor. Nos dias de agora, há uma imensa descrença no amor, que é para nós, como uma religião. Somos vistos pregadores de uma fé louca e perdida. Mas seguimos.

Fazer parte deste grupo, de certo, não é algo fácil nem confortável. Existem batalhas demais e muito mais derrotas do que louros. Entretanto, é por estes momentos que vivemos: os parcos e efêmeros instantes que valem por uma vida inteira. Quando o cérebro se cala e o coração toma o comando. O coração, que nada diz, apenas bate. Ele, que de tão acostumado a se retrair, tantas vezes até esquece de seu tamanho – do quanto é imenso – as vezes ganha espaço para se expandir, e infla como um balão. E é nesse instante que acontece.

Os clichês dos filmes do John Hudges acontecem no espaço de um beijo. Os romances da Jane Austen acontecem no tempo de uma batida de coração. Tudo que os Smiths já cantaram acontece no intervalo de um olhar.

Então, se para viver a eternidade no espaço deste segundo tão precioso, precisarmos ser taxado de ingênuos ou imaturos ou algo que valha, que seja. Seguiremos marchando. Nós, o exército de sonhadores perdidos que insistem e levantar o já tão gasto estandarte pintado com o coração vermelho, nos erguemos de nossa própria derrota para acreditar novamente. Pois, acreditar no amor perene em tempos onde reina o imediatismo é a maior bravura que alguém pode ter. Jamais esqueçam.

Sejamos a resistência fervente num mundo de frios, companheiros.

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