[Você pode ler este texto ao som de Starlights]
Dentre muitas coisas que meu ex-namorado me falou, uma ficou marcada fundo: “você é uma pessoa maravilhosa, mas”. E então ele terminou nosso relacionamento. Fiquei dias pensando que maravilhosidade de pessoa eu era para ter, depois de mim, uma adversativa. E, sobretudo, para ter, depois de mim, um fim. É verdade que as coisas não duram para sempre e que talvez elas existam o tempo que precisam existir, mas nós, na nossa ingenuidade, sempre queremos o impossível da eternidade.
Depois que o relacionamento termina, passamos um longo tempo cultivando a saudade, feito uma árvore que não dará frutos. Ficamos de luto mesmo. Você não pode assistir aquela comédia romântica, que chora; não pode escutar aquela música que juntos escolheram como a do casal, porque também chora; não pode ver aquela fotografia que tiraram no aniversário de namoro, porque, adivinhem, chora também. Nossos relacionamentos estão sempre envolvidos pela arte. Amar é meio arte mesmo. E como tal, ninguém entende muita coisa: só sente – e chora.
Depois de um tempo, quando tudo estiver mais calmo e o desespero não estiver mais roçando teus ombros, você poderá escutar aquela música, assistir aquele filme, abrir a sua galeria e não se espantar quando aquela foto saltar aos olhos, quem sabe até mexer em bilhetes com juras de amor que trocaram. Talvez a saudade bata fundo ainda, você se lembre dele com um sorriso amarelo de lado, respirando fundo, mas não chora mais. Certa vez aprendi que o luto é eterno, e que aprendemos a conviver com ele sem doer (tanto).
Há pouco escutei “N”, de Nando Reis, e me lembrei do dia seguinte ao meu último término de namoro, quando chegava em casa e, não mais que de repente, essa música começou a tocar na rádio ligada. Entrei rápido no quarto para que ninguém percebesse minha instabilidade, mas o soluçar do meu choro foi tão alto que vovó veio me socorrer, abraçando-me forte até a música terminar. E aí que hoje, escutando essa canção, senti algo que não sei propriamente nomear. Pode ser a tal saudade, pode ser o tal luto, pode ser que, entre um verso e outro, eu tenha sentido vontade chorar, mas não chorei – tudo bem, tudo bem, só um pouco!
Às vezes as coisas ficam meio fora do lugar, a cabeça dá uma pirada, o coração fica em pedacinhos, tem dias que são de luto mesmo e mergulhamos fundo na escuridão. “Nem todo dia a gente precisa ser forte”, pensei.
… amanhã a gente recomeça.
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