[Você pode ler este texto ao som de Brown Eyes]
Tava tudo indo tão bem: a gente concordava em discordar e odiava em se gostar. Era só uma brincadeira, eu dizia te odiar pra depois dizer que não, e que na verdade o que eu sentia era sua falta e que queria você comigo.
Eu te levava comigo no meu bolso pra todo lugar: eu sempre dizia que a gente estava a uma ligação de distância e essa a mentira mais verdadeira que eu poderia te contar. Eu sei que a distância pros nossos abraços era imensa e que ela impedia nossas mãos de se tocarem, mas ainda assim. Não tinha uma paisagem que eu não via sem lembrar de você, não tinha uma foto que eu não te mandava com um “idiota, vem pra cá ficar comigo”.
Não tinha uma noite que eu não adiava o sono pra poder te ver no escuro, não tinha uma pessoa que eu não pedia silêncio pra atender as suas ligações e ouvir sua voz. Não é surpresa que eu tenha me perdido nos seus sorrisos virtuais, uma vez que eu contava os minutos para vê-lo pessoalmente de novo e os minutos começaram a ser muitos. Você sabe que eu nunca fui bom com números. Horas, minutos, dias ou semanas de saudade.
Ainda assim você deixou claro que eu sempre fui muito bom em beijar você e tocar a sua pele. Você sempre deixou muito na cara que você queria mais um abraço, um cafuné, e você sabe que não tem nada que eu não faria para poder acertar seu peito em cheio com o meu afeto.
E nada disso foi capaz de impedir que você, por mais distante que já estivesse, afastasse do pouco de presença e o pouco de contato que a gente tivesse, mesmo que ele acontecesse por uma tela fria de um telefone. Eu juro que eu sentia aquela tela mais quente quando você aparecia sorrindo, e por Deus, você era a estampa mais bonita que já apareceu ali.
E é por isso que eu não entendo. Agora todos os meus amigos me perguntam por que a gente acabou, mas eu ainda não sei. Eu ainda não sei.
Eu não sei.