[Você pode ler este texto ao som de Um Dia Após o Outro]
Oi, desculpa, não sei direito mais como é isso. Eu entro bem devagarzinho ou cê prefere quem chega com o pé na porta, invadindo tudo: seu tempo, seu coração e sua cabeça? Respondo as mensagens na hora ou cê é daqueles que gostam dos joguinhos, de gente que se faz de “difícil”, como se não estivesse doida pra encontrar alguém e viver uma história bonita? Faço a linha intensa ou a linha contida?
Como é que se brinca de amor hoje em dia?
Desculpa, eu tenho que limpar o pé no tapete da porta e deixar meus traumas pra trás? Cê não quer saber dos amores que eu fui perdendo pelo caminho e me fizeram assim toda torta? Talvez eu devesse te contar das cicatrizes que eu fui ganhando nesses anos todos. Eu juro que tem explicação pra toda essa desconfiança.
Levei umas pancadas do coração nesses últimos tempos. Sabia? Não sabe, ainda não te contei. Tenho medo de sair por aí espalhando que já acreditei tanto e que morro de medo de voltar a acreditar. Num é que eu não queira me entregar pro que tá rolando, até quero. Mas perdi o jeito, não lembro as regras do jogo, me sinto meio perdida e fora de ritmo nessa dança toda.
Será que a gente desaprende a amar? Não queria, te juro, queria ser dessas pessoas que sempre têm coragem de amar outra vez. Mas tô cansada. Cansa juntar os pedaços da alma toda vez que acaba.
Me diz, como é que faz? Pra ter fé no amor assim, que nem você? Eu vejo esse seu sorriso torto e o peito aberto e eu queria. Melhor: te quero. Me explica? Cê me dá a mão e me ensina de novo? Ou, sei lá, tem paciência comigo? Eu prefiro que cê chegue devagarzinho, pra meu coração não ter tempo de se acovardar. Vem em silêncio, todo discreto, e arranja morada aqui no meu peito. Que eu quero entrar nessa dança e brincar de amor tudo de novo.
Se a gente não gritar por aí, se você vier como quem não quer nada…quem sabe?
Quando meu coração for ver, aconteceu: ele é seu.