[Você pode ler este texto ao som de Love, Love, Love]
Talvez eu tenha ido longe demais e eu só posso, talvez em vão, te pedir desculpas. Desculpa porque eu me demorei em você sabendo que eu nunca ia me entregar de verdade. Desculpa porque eu não te recusei e deixei você se acomodar em mim, mesmo tendo a plena noção de que eu não poderia ser seu aconchego. Eu sabia que logo iria embora, mas deixei você se aquecer em meu peito.
Você me fez bem, saiba disso. E isso tornou tudo bem difícil – mas não menos egoísta. Eu me programei para não te amar muito antes de criarmos essa relação que eu sem sei por nome. Não porque era você, mas porque eu não quero amar no momento. Tenho feridas ainda muito recentes e, por mais que você tenha ajudado a sarar algumas delas, ainda é cedo pra mim. Eu deveria ter dito isso.
Quando vi, você já estava se declarando para mim. Dizendo com palavras o que eu sabia só de te olhar. Transformou em vogais e consoantes o que aquele abraço quis dizer. Você ama e seu amor tem gosto bom, mas eu não sei reproduzir algo do tipo. Não ainda. Não de forma tão emergencial.
Eu queria que você viesse mais tarde e me amasse como agora. Te devolveria na mesma intensidade, vontade, mordidas, carinho na mão com os dedos. Te devolveria em sonhos, planos e planejamento. Te retribuiria em risadas, chocolates e elogios. Em sopro no pescoço, em mensagens de madrugada sobre nada importante, em músicas que, ao escutar, me fizeram lembrar de você.
Você ama e eu não deveria ter deixado isso acontecer, porque eu vou partir seu coração – seu bom coração – ao meio. Me desculpa, desde já, por não ter dito que eu não posso amar nesse momento. Seria bom e eu sei que você me cuidaria, mas meu corpo ainda pede repouso. Eu não deveria deixar você me amar, mas eu não soube o que fazer com teu sentimento roubado. Te devolvo, o mais inteiro que consigo, e espero que ache alguém que saiba levá-lo adiante.
Mas esse alguém não sou eu.