[Você pode ler este texto ao som de 7 Years]
Passei por uma loja perto de casa ontem que tava tocando uma música meio indie. Lembrei de você na hora. Pensei: ele amaria essa música. Até cheguei a pegar meu celular e discar seu número. Mas aí, alguns segundos depois, pensei que talvez você não gostasse mais daquele tipo de música. Talvez tivesse até mudado o número do celular. Ou talvez não quisesse receber uma ligação minha depois de tanto tempo. E aí eu não te liguei.
De vez em quando eu passo em frente aquele nosso restaurante favorito e consigo até sentir o cheiro do risoto que você sempre pedia. Eu nunca tive coragem de entrar ali de novo e pedir o medalhão que eu adorava comer, sabia? Acho que seria como voltar um pouco num tempo em que a gente foi feliz junto. E eu sei que não tem mais volta – agora cada um é feliz prum lado.
Eu lembro que quando a gente acabou, uma amiga me perguntou como era deixar um grande amor pra trás. Ela queria saber daquela dor intensa do fim. Das lágrimas, dos sábados à noite que eu passei jogada no sofá, das garrafas de vinho que bebi sozinha, daqueles filmes água-com-açúcar que a gente assiste pra chorar. Teve tudo isso, é claro, mas deixar o que a gente foi pra trás vai muito além.
Deixar você em uma parte do meu passado é continuar lembrando da gente quando eu resolvo visitar minha mãe. Eu olho aquela poltrona ao lado do sofá e consigo ver você esparramado nela, com mais um pedaço de bolo na mão.
Deixar você no meu passado é me encontrar com a sua irmã no mercado e ter muita vontade de perguntar sobre você, mas acabar perguntando só sobre o seu sobrinho. Porque acho que eu ainda não tô preparada pra saber que você conheceu o amor da sua vida e vai casar.
A dor do fim dói, doeu muito, mas a dor de lembrar de você sem querer no meio de um dia qualquer? Porra, cê sabe…num sabe?
Dizem que é questão de tempo, questão de conhecer outra pessoa, de me apaixonar de novo. Talvez, talvez seja. Por enquanto, deixar a gente pra trás significa isso: saber que não tem mais volta, que cada um seguiu seu próprio caminho, que a lista pra não ter dado certo é grande. Mas ouvir uma música no meio da rua e pensar: ele ia amar essa música.
É, acho que cê ia.