[Você pode ler este texto ao som de Everything Will Be Alright]
Uma das coisas que eu faço constantemente na vida é me abraçar em um monte de projetos e possibilidades que talvez não encontrem tempo na minha agenda. Talvez seja falta de foco, eu sei, mas para dar conta dessa possibilidade estressante de fazer um monte de coisas e não fazer nada, eu dou logo um jeito de conectar todas essas coisas para que elas pelo menos possam caminhar juntas, mesmo que eu tenha que priorizar uma delas hora ou outra. E ainda assim às vezes parece que nenhuma delas sai do lugar.
Um dos discursos mais comuns que eu brado por aí é o de que precisamos lutar pelos nossos sonhos como se eles fossem possíveis. Não precisamos fingir que estamos realizando e tudo está indo bem, mas fingir sermos alguém que é capaz de realiza-lo. Quando a gente se julga capaz de fazer alguma coisa, podemos até bater com a cara no muro lá na frente, mas pensar que conseguiremos é um combustível necessário para que tiremos o corpo da inércia. Sem se mover é que não iremos a lugar algum mesmo.
Uma das frases que tem martelado na minha cabeça nos últimos tempos é de que a luta se torna mais bonita quando a gente se permite sonhar. Essa máxima faz todo o sentido quando eu olho em volta e percebo o tanto de projetos que eu empilho e o tanto de pessoas que eu levo comigo neles. Um livro novo que os leitores esperam de mim, o projeto com algum escritor amigo meu e os deadlines que eu preciso enfrentar todos os dias. Talvez nada saia do lugar mesmo, mas cada pequeno milímetro de movimento é suficiente para que eu me sinta feliz por estar um pouco mais perto e continuar tentando.
Acho que por isso uma das coisas que mais me apavora na vida é a inércia. Perder a vida enquanto se observa tudo parado é um desperdício gigante do mundo lá fora pra mim. Tem um bando de gente esperando que eu faça alguma coisa, tem um outro tanto que pode sentir aquela cócega gostosa que faz acreditar nos sonhos se perceber as coisas dando certo pro meu lado. Porque uma das coisas mais contagiantes do mundo – no meu ponto de vista – é perceber que as coisas estão dando certo pra alguém, me fazendo acreditar que cada pequeno sonho é possível pra mim também. E eu sei que é.
Pode ser que no fim das contas nenhuma das coisas que eu projeto e planejo e abraço saiam do papel. Mas vai que uma delas dá certo, né? Porque o discurso mais comum que sai da minha boca e da sua é de que no fim das contas tudo vai dar certo. A gente sabe que não vai, tudo não podemos ter. Mas alguma dessas coisas vai. No meio de um milhão de reveses e uma dúzia de caras batidas no muro, alguma coisa vai dar certo e fazer a gente feliz. E isso é tudo que eu – e talvez você também – preciso.