Tô pensando em você


 

[Você pode ler este texto ao som de Thinking Of You]

Eu sei que isso tudo já deve ter ultrapassado a barreira da normalidade e eu vou me deixando levar por uns pensamentos despretensiosos e que abrem um sorriso no canto do rosto, vou me perdendo em uns pensamentos meio atrasados demais pra quem tem tão pouco tempo de ajustar a rotina inteira em 24 horas por que mal sobra tempo, por que não sobra espaço pra fazer quase nada e ainda assim existe um tempinho pra pensar em você. Não faz nenhum sentido, eu sei, mas deve existir sei lá o quê bonito em me pegar pensando em você enquanto o sol despenca lá fora e a cidade vai se embrenhando em uns caminhos alternativos e cheios de gente desinteressantes perto de você.

Eu morro de medo, amor, morro de medo de te encontrar num desses caminhos, dentro de um carro com um outro alguém que nem se importa tanto assim com as coisas que você sente. Morro de medo de que chova na rua e eu não tenha guarda-chuva, que chova aqui dentro e eu ainda não tenha preparado o meu peito pra tempestade que seria ter que encarar a vida sem a possibilidade de esbarrar com você no fim da tarde e te levar pra casa, beijar a tua testa e dizer que a gente se vê e eu aviso quando chegar em casa, pode deixar. Morro de medo de terminar de ler um romance qualquer e não ter você pra reclamar do final, pra dizer que se fosse se eu que decidisse o rumo das coisas todas, nunca terminaria assim – mesmo eu sabendo que nunca é a gente quem decide o início e o fim das coisas. Se fosse, eu já teria posto um ponto final em forma de abraço nessa saudade gostosa que eu sinto aqui dentro.

Você não sabe, mas eu pensei em passar na tua casa pra vomitar de uma vez por todas as coisas que eu sinto, numa tentativa desesperada de fazer a coisa toda ter sentido, de me fazer acreditar que isso tudo é normal e dessa vez eu não tô sentindo tudo sozinho, dessa vez não é que nem nas outras vezes, porque você não é elas e eu poderia jurar que encontrei um quê de poesia no teu sorriso. Pensei em passar na tua casa pra te convidar pra um cinema-jantar-passeio-pelo-parque ou sei lá o quê improvisado, só pra poder olhar as estrelas da varanda da tua casa quando voltasse, vasculhando o céu em busca de uma estrela cadente que me fizesse desistir do mundo lá fora pra viver em um abrigo no teu peito.

O engraçado nisso tudo é que eu nem tento mais ocupar a cabeça com outras coisas, nem vou empilhando um monte de tarefas desimportantes pra ver se desvio o foco. Só passa pela minha cabeça o exato momento em que eu pus os olhos em você e o desenho do teu rosto, o jeito com que você me olhava e a pinta no lado esquerdo do queixo, a maneira com que você vê a vida passando na frente do teu rosto e esse monte de gente lá embaixo, se embrenhando em uns caminhos alternativos que não terminam na porta da tua casa.

Eu sei que isso tudo já deve ter ultrapassado a barreira da normalidade e eu tenho pensado demais em você, mas deve existir sei lá o quê bonito nisso aqui enquanto o sol despenca lá fora, e eu poderia jurar que encontrei um quê de poesia na maneira com que você fecha os olhos e a tua bochecha enruga quando sorri. Eu não entendo, não me entendo e só consigo pensar nisso enquanto olho da janela do meu quarto esse bando de gente desinteressante por não ser você.

 

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