Espero que entenda que talvez eu não tivesse entendido direito as tuas intenções. É a última mensagem que te envio. Não sei por que ainda insiste em me chamar, em perguntar como estou, se nunca me escutou de verdade. Tentei não atrapalhar, não mandar muitas mensagens pra não parecer chato, tentei entender a forma superficial como tratava minhas vontades. E descobri que sempre fui um eterno ‘’tanto faz’’ no meio da tua agenda corrida. O espaço vazio que nunca teve intenção de ser preenchido.
Me enganei por um bom tempo. Pensei positivo, lavei a louça sem reclamar no sábado, após fazer o jantar. Disse que sentia a tua falta durante a semana, e em troca recebia alguns Emojis apáticos que piscavam verdades de plástico. Desisti de pessoas que realmente me dariam motivos e não desculpas. Quanto mais eu queria você ao meu lado, mais para o oposto você ia. Juro que dei o meu melhor, dediquei minhas mais sinceras intenções sobre os teus gélidos e apáticos beijos que não queriam se envolver na minha boca.
Não queria ir, mas não posso ficar desse jeito. Não devo aceitar tuas migalhas, porque certamente acabarei me perdendo sozinho no meu próprio querer, e já não sou tão novo assim para acreditar em contos de fadas. Não me procures mais, me deixe sozinho para que eu possa atender as preces da minha alma que, agora, necessita de cuidado. Ela anda machucada dos tombos que levou, tentando te pedir um pouco de apreço. O que já era pouco foi sendo cortado aos poucos, você fez questão de torturar o que eu sentia dizendo que ainda não sabia, mas acho que tu sempre soubeste que só queria programar o teu apego até o próximo cara que julgasse realmente valer à pena chamar de namorado. Acabei me tornando um masoquista de sala de espera. Daqueles que fingem se contentar com o pouco que recebem, por saberem que estão entregando muito mais do que deveriam.
Agora chega, pontuei o final do meu sofrimento com uma lágrima. Percebi que eu já havia me tornado imperceptível ao teu esforço de tartaruga. De ti eu já não espero mais nada, nem um aperto de mãos acompanhado por um ‘’boa sorte’’. Me perdoei e assim nunca mais precisarei perdoar ninguém.
Meu coração resolveu que estava cansado de apanhar e resolveu bater em retirada do teu descaso. Partiu, mesmo partido, levando de ti apenas a saudade daquilo que a gente não viveu. Agora é tarde. É tarde para aceitar os convites, para mandar mensagem de bom dia e para declarar o que sente, pois até agora era o teu silêncio quem estava gritando de forma infernal nos meus ouvidos.
Agora é tarde para minguar teus carinhos, é tarde para que eu fique aceitando a certeza das tuas dúvidas sufocando as minhas expectativas com as mãos. É tarde para te esperar sentado, contando os farelos de bolacha como se fossem minutos. Pode ser que eu tenha perdido, mas nem tudo o que perco eu quero de volta.
Fique com Deus, com os teus compromissos e com as tuas desculpas, pois comigo tu não vais mais ficar.