[Você pode ler este texto ao som de The Less I Know The Better]
Foi legal você ter ido embora.
Fiz tanta coisa interessante depois que a porta fechou atrás de você.
Abri as cortinas, tirei poeira da casa. Fiz meu coração voltar a bater. Mal tinha percebido o quão dormente ele tinha ficado por sua causa.
Vi todos os filmes que eu não podia ver por que você não gostava. Escutei todas as músicas que não tinham nada a ver com você. Fiquei surpreso ao perceber o quanto eu gostei de dançar todas elas.
Liguei para cada amigo de quem me afastei para ficar com você. Papeamos por horas. “Vocês não estão mais juntos? Haha, aposto que você está bem melhor”. Por incrível que pareça, eu poderia apostar com eles. Com certeza ganharíamos. Eu estou bem melhor.
Eu estou mesmo bem melhor, porque tudo o que você fazia se baseava em me pintar de cinza, de tirar a minha graça, de fazer tudo menos divertido, menos espontâneo. Até seu cacto que ficava na janela morreu. Não era para você ter regado ele, sei lá, uma vez por ano? Mas se você não dava conta de me dar pequenas doses de carinho, como é que você ia cuidar de uma planta, não é? E uma planta que quase não precisa de nada. Mas você é assim. Só sabe cuidar de você.
E que péssimo programa era me dar um pouco de atenção, né? A não ser que você precisasse de uma plateia cativa. Nesse caso, você parecia lembrar do meu endereço.
Que coisa boa foi perceber o frescor da chuva, o refresco da brisa, o anoitecer calmo.
Que delícia foi poder rolar na minha cama de casal, inteira pra mim.
Que maravilha foi poder ficar com a coberta só para mim.
Que incrível é a sensação de poder amar a si mesmo.
Como é bom saber o quão babaca você era, me diminuindo para você poder crescer.
O melhor de tudo é finalmente perceber que não preciso mais de você. E, pensando bem, foi maravilhoso você ter ido embora.