Ela é de câncer


[Você pode ler este texto ao som de Chandelier]

No balcão do bar, ela pede a bebida preferida “Garçom, uma dose de vodka, por favor.” A rapidez com que vira o copo, os olhos marejados e a urgência pela próxima dose, dão indícios de que mais uma vez, a vontade de amar incondicionalmente, colidiu com a insensibilidade dos braços errados.

Lá pelas tantas da madrugada, chega cambaleando em casa – corpo cansado, coração dilacerado e gosto amargo de desamor na boca. Enquanto o teto insiste em girar e o estômago dá sinais de ressaca, ela cantarola Cartola baixinho. Entre um verso triste e outro, chora e sufoca os gritos com o travesseiro. No fim de cada canção, promete para si mesma que trancará todo o afeto desperdiçado no quartinho dos fundos.

Ela é refém do sentir-visceral. Tudo é profundo. É intenso, é carne viva. Sente por ela, por quem ama e por aqueles que nem conhece. Tem o costume de enxergar leveza nos detalhes da vida. Se emociona com boa música, com bons filmes e com pessoas de bom coração. Ela nasceu com instinto de zelo, sabe cuidar de tudo que a cerca com maestria – se um dia ela deixar você sentar no sofá da casa dela, considere-se um cara de sorte.

Ela de câncer e costuma ser colo, mas a vezes, precisa trocar de lado no jogo. Ela precisa que você esteja com ela até o fim, por isso, se a sua intenção é fazer firula com o afeto dela, dê meia volta e peça mais uma cerveja, queridão.

Rani Lisboa

Segundo os astros: gêmeos com ascendente em sagitário, lua em aquário e Vênus em touro. Ou seja, um amor de menina. Boemia por culpa do acaso e do meu melhor amigo. No mais, gente boníssima, juro! Criei o Disseram no Bar ano passado com intuito de guardar sentimentos, desde então, eles estão transcritos e escancarados em alguns parágrafos, pontuações e concordância verbal. Espero que gostem e que voltem sempre. Clique aqui para ler mais textos da Rani.

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