[Você pode ler este texto ao som de Take The Night Off]
Ainda cantarolo a nossa música no carro enquanto vou ao trabalho. Apesar de todas as lágrimas que a nossa história me rendeu, ainda me pego com um sorriso bobo com as lembranças bonitas que tenho de nós dois. Ainda me dá um aperto no peito pensar que você foi dos poucos que me fizeram mais bem do que mal, mas, mesmo assim, nossa história acabou como todas as outras histórias tortas da minha vida. Era pra gente ser diferente, mas no fim a gente foi exatamente igual.
Esquecer é uma droga, não é? Não sei se pra você também, mas eu venho falhando miseravelmente na missão. À essa altura, você já deveria ter passado. Os outros caras todos passaram e eu me sentia bem forte por aguentar numa boa superar amores fracos. Mas acho que o nosso foi forte o suficiente pra me fazer admitir: nosso amor não foi, ele ainda é.
Eu tentei, não pense que não. Fiz promessa, enchi a cara, saí com caras do Tinder, conheci aquele amigo do namorado da minha amiga que era perfeito pra mim, chorei, pedi pelo-amor-de-Deus, fui pra baladas que odiei, comi brigadeiro. Mas nada. Nada adiantou e eu continuei aqui. Eu continuo. Parece que seu amor insiste em mim.
Então: que se dane. Que se dane que meus amigos dizem que você não me merece, que eu sou boa demais pras suas indecisões, que eu devia te esquecer, que eu devia me apaixonar por outro. Que se dane que ninguém acredita na gente e que, talvez, a gente realmente nunca dê certo. Amor não é isso? Aquela sensação de liberdade quando a gente pula do avião, torcendo pro paraquedas abrir, mas sem ter certeza de nada?
Ainda é tudo seu. O lugar na minha vida, o carinho dos meus pais pelo genro que eles mais gostaram, o convite pra passar o Natal na casa da minha avó. Nossas fotos ainda estão no meu mural porque eu não tive coragem de jogar nós dois no lixo. Ainda é com você, sabe? Que eu quero casar, ter filhos, enfrentar o mundo, morrer de medo de não dar certo, mas mesmo assim continuar tentando. Porque, apesar de tudo parecer contra, eu ainda tô disposta a pelo menos tentar.
E você, me diz: você também tá?