Você precisa ouvir Wolf Alice


Wolf é uma das bandas mais interessantes de 2015 – então pare tudo o que estiver fazendo e dê play nesse clipe aqui:

“Blush”, faixa principal do EP homônimo lançado em 2013 pela então desconhecida Wolf Alice, já ludibriava a gente ao colocar um cara pra guiar a dublagem da música (“it is time for you to lipsync for your life”, diria Ru Paul), devidamente vestindo brilhos, brincos e batons. A banda vai além da mensagem positiva da letra – e, aqui, eu entendo “positiva” como “transgrida seu gênero se quiser, te apoiamos”: diz pra gente sair fora da casinha e ser aquilo que o coração manda, das maneiras as mais abrangentes que você puder imaginar. O clipe de “Blush” já flertava com o que seria mais pontual em vídeos posteriores e, anuncia: “it’s all good, you’re allowed to be what you could”.

Wolf Alice tem como vocalista essa moça chamada Ellie Rowsell, que empresta a voz rouca (quando a banda quer ser folk) e potente (quando a banda quer pender ao punk/grunge) aos bons instrumentistas da banda. Simpática, Ellie recorta bem na tela e refresca os olhos da gente – mas vai além, porque é uma mulher no rock and I think that’s beautiful. Além disso, o clipe de “Moaning Lisa Smile”, presente no segundo EP da banda – o Creature Songs – coloca Ellie como uma menina que sonha em participar de um grupo de dança, mas é rejeitada por todos. Até que os três membros de sua banda chegam travestidos e incluem a menina:

Tem como não amar esse clipe, com todas as trans finíssimas fumando maconha ensinando Ellie como se apresentar de verdade? Em tempos de choques, barracos e miraculosas invenções, a naturalidade empregada no tratamento ao tema é encantadora. E, claro, a melodia é viciante e os gritos vão te pegar pelo peito. “Moaning Lisa Smile” caiu nas graças da Billboard naquele longínquo 2014, como um dos dez mais ouvidos entre os rocks alternativos – e, no início desse ano, a BBC deixou a dica em seu (costumeiramente bom) Sound of 2015: há de se ouvir Wolf  Alice (e Shura, e Years & Years, entre outras) e o álbum deles, My Love is Cool, ainda esse ano.

E é aí que entra a ótima “Giant Peach”:

“What a Jam!” foi o comentário que mais me fez rir quando essa música foi lançada no soundcloud oficial da banda. De fato, essa faixa tem uma introdução muito foda na guitarra, antes de Ellie começar a cantar – o que mostra que o restante da Wolf Alice não é apenas adorno. No clipe, a banda ri de si mesma – e já reparou que, nos três clipes que aqui postados, a Wolf Alice aparece em algum palco para uma plateia pequena e embasbacada? – ao se deixar ser aproveitada por um manager duvidoso e tocar para uma plateia de gente estranha.

“Giant Peach”, ao crescer aos poucos em sua sonoridade, é o reflexo de um dos desejos da banda: em entrevista para a Digital Spy, Wolf Alice diz quer ser uma banda das grandes e “play to loads of f*cking people”. “Giant Peach” é o primeiro single de um álbum que vence pelo encontro preciso, ainda que delicado, do folk com o grunge (!). Eu não me assustaria se visse a banda tocando versões de Nirvana em seus shows (e sem a pretensão de ser a-nova-representante-do-grunge).

Londrinos, Wolf Alice tem o som perfeito para pubs e cervejas, mas também para ouvir de boas nos fones de ouvido e – aguardemos – para ouvir junto dos amigos de camisa xadrez e tatuagens no pescoço num Lollapalooza da vida.

Ah é, eu e deixei o melhor por último. Seu coração está fora do lugar se você não ficar encantado com o clipe e a letra de “Bros”:

My Love is Cooldisponível para ouvir na Deezer e eu vou dar mais um play agora, por motivos de um dos melhores álbuns deste ano.

😉

Pelvini

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