(Por Gabriela Cadamuro)
Tá vendo essa foto desse carinha segurando essa placa (malfeita no paint, por sinal) aí em cima? Pois bem, a dita cuja anda circulando nas redes sociais e causando o maior alvoroço por onde passa. Por quê? Simples: vocês conhecem a frase “eu não mereço ser estuprada”, certo?! Esse “amigo”, quis fazer algo semelhante, dizendo que não merece mulher que já teve relações com muitos caras ou já “pegou” muitas pessoas (essa mulher que ele chama de rodada).
É…. essa atitude indignou muitas mulheres — e até homens com senso crítico —, principalmente aquelas que defendem seus direitos de igualdade. Não se trata apenas de feminismo. Se trata de respeito: eu posso, você pode, nós podemos, isso não muda nada em quem você é nem muda seu caráter. Compreende?
Vou informar ao amigo da placa malfeita no paint que eu sou rodada. Se eu tenho vergonha de falar isso? Não tenho. Sou mulher, faço o que entendo da minha vida e vivo-a como quero. Posso morrer amanhã, por que diabos vou fazer um mimimi extremo se não sou assim? Não é falta de respeito comigo, não é que sou “puta” ou “vadia” (como o amigo policial disse de mulheres que usam roupas curtas). Sou eu! Não sou rodada por pegar um cara no primeiro encontro. Me deu na telha, faço o que quero. Sou mulher independente e há homens que morrem de medo disso. Homens não, meninos que ainda não saíram das fraldas e das garras do patriarcado e da cultura machista que ainda estraga muitos relacionamentos. Uma pena por eles, porque vou continuar fazendo o que quiser (assim como eles). Entenderam? Não? Só lamento.
Já não bastasse mulheres reproduzindo discursos machistas por serem influenciadas pelo senso comum dizendo que a outra não pode, nem deve pegar 500 em uma noite, pois isso seria falta de respeito, porque mulher precisa se dar o respeito (vocês sabem de que estou falando, e não a culpo, ela é vítima da sociedade). Se não fosse outra mulher um pouco mais esclarecida a briga acabaria ali. Dando nome aos bois: só faltou a Pitty dizer a Anitta que ela que deveria se respeitar por usar roupas curtíssimas e esfregar a bunda na genitália de seus dançarinos em shows, mostrando que ela recrimina algo que faz naturalmente e que não há nenhum problema em fazê-lo. Eu diria, porque sou estourada. Mas grande Pitty, sambou na cara do machismo sem ser impaciente.
A jornalista Mariliz Pereira Jorge escreveu um artigo a respeito disso, pontuando coisas que te tornam uma mulher rodada. Se você atingisse mais de cinco “sim”, você seria rodada. Atingi uns dez pontos, além dos extras que alguns tinham. As lágrimas rolaram nas bochechas coradas do meu rosto. De tanto rir, é claro!
Então, se sou rodada porque transei com um cara na primeira noite; usei uma roupa curta para ir a uma festa; não sei quantos parceiros tive entre outras coisas que a Mariliz pontuou no artigo dela, meu amigo, o mundo está cheio de homens bem rodados também. Vai lavar uma louça porque lugar de homem também é na pia! Rodada pra mim é a roda gigante, essa que é bem rodada por sinal.