Aquele velho ditado que diz que “colhemos o que plantamos” se reflete em todos os âmbitos de nossa vida. Inclusive na parte de relacionamentos. Não quero falar de qualidades que desejamos que o nosso alvo tenha, quero falar no amor de verdade.
Acho impossível se falar em amor verdadeiro sem tocar no assunto amor próprio, o que muitas vezes nos falta. Não há como amar alguém sem que antes de tudo eu me ame imensamente mais.
Quando eu me amo, eu respeito meu corpo, eu respeito a minha mente, eu respeito as minhas limitações (mesmo tendo o foco de superá-las), enfim, eu me respeito. Retiro de mim tudo aquilo que não me serve, tudo aquilo que me trava e tudo aquilo que me leva pra trás. Aquilo que não me acrescenta deixo de lado. Isso também é crescer. É preciso evoluir a todo momento seja como pessoa, como profissional e também com relacionamentos. Por vezes nos acomodamos e deixamos coisas que não são toleráveis se tornarem parte do nosso cotidiano. Isso é muito errado! Mas acabamos por deixar acontecer tantas vezes que aos nossos olhos passam a serem normais, mas não são.
Eu explico.
Por esses dias eu fiquei presa em uma rodoviária por umas quatro horas. Nesse lugar tinha um rapaz que estava bêbado e tinha ligado para namorada. Não sei se devido ao álcool ou se era intenção, mas ele falava cada vez mais alto e por fim acabei ouvindo toda a conversa.
Ele repetiu diversas vezes “Meu, amor, você não é a primeira e nem vai ser a última”, “Hoje eu estou com você, amanhã estarei com outra, depois de amanhã com outra… Não tem só você.” e também soltou “Meu filho vai chegar a sua casa hoje. Lave as roupas dele.”, “Você olhou os meus pais? Você tem que cuidar bem deles. É sua obrigação.”, nesse momento fiquei na dúvida se ele falava com a namorada ou com a empregada. Essa ligação durou pouco mais de meia hora. Ela ameaçou desligar e ele terminou a ligação “Eu te amo, viu? Se comporte, ou você sabe o que acontece.”.
Nesse momento eu só conseguia desejar que ele não existisse. Sentia dó daquela moça do outro lado do telefone. Fiquei pensando em quanto ela tá perdida no meio desse nó e me perguntava onde ela tinha jogado o amor por si. Cheguei a me ver um pouco nela.
E esse deve ser nosso foco: Como alguém pode me amar da forma que eu mereço se nem eu consigo me amar assim?
Sei que tá parecendo texto de auto-ajuda, mas às vezes estamos tão cegos que é preciso nos enxergar em outras pessoas pra que a gente possa ver a nossa realidade.
Temos que nos amar mesmo! “Sou linda mesmo, você é que não consegue ver nada mais que aparência.”, “Eu sou interessante, eu amo a minha companhia.”, “Meu corpo é lindo, ele tem marcas, curvas, covinhas e outra série de sinais que mostram que eu vivi. Vive mesmo! Não tentei ser o que ninguém queria. Simplesmente fui eu.”.
Depois que a gente passa a se ver de forma diferente, a gente passa a se tratar de forma diferente e espera que as pessoas nos tratem dessa mesma forma. A gente se respeita e passa a exigir respeito. Depois que nos amamos da forma que merecemos, passamos a ter amor de verdade pra distribuir. Amor ao próximo e amamos sem esperar nada em troca, amamos simplesmente porque esse amor nos faz bem.
E vou te contar um segredo: quando você se amar da forma que você merece, ninguém que se chegar a ti terá a audácia de te amar menos que isso.
