7 confissões ao pé do ouvido


[Você pode ler este texto ao som de You Make My Dreams Come True]

Vem cá. Sai desse computador e deita aqui do meu lado, que eu preciso te contar certas coisas que, presumo, você não deve saber. Não, dessa vez não vou dizer aquelas besteiras que, por mais que você ame ouvir, te fazem corar.

Fecha os olhos.

Esse beijo roubado não estava nos planos, mas eu quis dar de qualquer jeito. Se você ficar brava, fica tranquila: tem a vida inteira para roubar muitos outros de volta.

Primeira confissão – que meus olhos podem ter entregado, sem querer: você tem um jeito todo teu de acordar. Antes de sequer abrir os olhos, teus pés se esticam inteirinhos, como se tentassem tocar o chão do teu último sonho, retardando ao máximo a inevitável hora de tocar o chão. O espetáculo prossegue com um sorriso que mistura a alegria de um novo dia com a possibilidade de ficar deitada ali, curtindo a cama e os lençóis amassados por mais algumas horas.

Segunda confissão: desde aquela vez que você esbarrou sua mão na minha, naquela festa lotada, a lembrança do teu toque me acerta como um tiro de canhão, toda manhã e toda noite. É como se as borboletas que voaram pra dentro do meu estômago tivessem montado acampamento em mim, alçando voos diários para farfalharem suas asas, me reavivando o começo da nossa história.

Terceira confissão: eu não me apaixonei por você naquela tarde de domingo, enquanto trocava o disco do Caetano por um do Chico. Isso aconteceu na primeira manhã que acordei do teu lado, no meu apartamento. Você, com preguiça de botar tuas próprias roupas, me roubou um shorts velho e uma camisa surrada dos Stones. Não restavam dúvidas: era amor.

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Quarta confissão: não te acho mais bonita sem maquiagem, nem toda produzida. O auge da tua beleza se configura quando te vejo do jeito que você prefere estar. São esses os meus momentos favoritos em ti – quando toma tuas decisões sem se importar com aquilo que eu vou achar. É essa tua lindeza suprema: fazer tuas próprias vontades.

Quinta confissão: eu nunca matei uma barata. Isso não tem muito a ver com nós dois, mas uma hora ou outra precisaria ser dito. Morro de nojo delas e aprendi, com o passar dos anos, uma técnica infalível de negociação: eu não invado o espaço delas e elas, quando se dão por satisfeitas, vão embora do recinto.

Sexta confissão: eu não sabia tocar aquela música que você ama no violão até descobrir que era tua canção favorita. Foram horas e mais horas de frente para uma tela de computador, tentando decorar acordes e ritmos – sem contar que eu nunca fui um cantor muito bom. Acabou que eu toquei, cantei e você sorriu – mais pelo meu esforço, eu sei, do que pela qualidade. E eu faria tudo de novo.

Sétima (e última) confissão: às vezes eu sonho que nós cansamos um do outro, que deu errado e chegou o momento de seguirmos caminhos diferentes. Acabo acordando assustado, preocupado, mas sabendo que, se isso tornar-se realidade, teremos feito história na vida um do outro – e carregaremos as marcas do nosso amor com todo o carinho do mundo.

Chega de segredos. Abre os olhos. Vem brincar de ser feliz comigo em qualquer lugar, pra sempre ou até amanhã. Não importa. Só vem.

lucasbaranyi

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