[Você pode ler este texto ao som de Born To Die]
Hoje eu fui beber no meu bar favorito. As coisas não mudaram muito por lá, mas eles trocaram aqueles pôsteres antigos que ficavam na parede, lembra? Ah, a cerveja aumentou também, mas tudo bem, ainda vale a pena. Ir pra lá me transporta de volta pra aquele dia.
Lembro que eu troquei de roupas três vezes antes de escolher qual eu ia usar. Escolhi aquela camisa do Death Cab sem saber que era uma banda que te fazia lembrar de mim. Depois desse dia eu passei a chamá-la de “minha camisa da sorte”. Fui, mas tive que voltar, porque tinha esquecido o presente em casa. O aniversário não era seu, mas nossa amiga merecia, afinal de contas ela me apresentou você.
Lembro que quando cheguei ao bar tive alguma dificuldade pra achar a mesa, tinha muita gente. Mas no meio de toda aquela confusão eu vi você, e parece que todos os músculos do meu rosto se contorceram num “uau!” imaginário. Foi só te olhar pra perceber que ali, de frente pra mesa 29, era o meu lugar certo pra estar.
Você perguntou o que eu tinha achado do seu cabelo novo agora que tinha visto ao vivo sem saber que eu literalmente caí da cadeira quando você tinha me mandado uma foto mais cedo. Precisei de uns segundos pra conseguir desviar os olhos e formular uma resposta. Pensa, cara, pensa! Ela não pode te deixar sem resposta pra tudo, ela não pode te fazer fugir de si. Respondi e você sorriu aquele seu sorriso. Meu sorriso favorito até hoje. Olha, eu não sei bem se tem um momento exato pra essas coisas mas se tiver foi ali, naquele sorriso, quando eu soube que estava oficialmente apaixonado por você.
A aniversariante teve que me cobrar os parabéns que eu tinha esquecido de dar e fui com ela. O plano era ficar um pouco lá, afinal era pra isso que estávamos lá, certo? Menos de seis voltas do ponteiro maior depois eu já estava de novo voltando pra sua mesa e me atrapalhando com essa minha mania de falar demais quando fico nervoso ou perto de uma garota bonita. Quando acontece as duas coisas juntas fica pior. Você achou graça de alguma coisa que eu disse me pediu preu segurar a sua bolsa enquanto você ia ao banheiro.
Pedi um pouco de coragem pro bartender, mas ele só tinha cerveja. E eu sei que a varanda de um bar de Ipanema nao é o lugar mais romântico do mundo, mas foi o único lugar que eu achei pra te tirar da multidão e ganhar um pouco de privacidade. Foi aqui, nessa mesma varanda de onde eu tô te escrevendo agora, que você resolveu dar uma chance pra aquele cara todo nervoso e sem jeito ali tentando falar o quanto gostava demais de você.
Foi aqui, exatamente aqui o nosso primeiro beijo. Foi nos seus lábios que eu encontrei o que eu não sabia que estava procurando esse tempo todo. Menina, bastou eu estar ali uma vez, pra eu ter certeza que era ali que eu queria estar o resto da minha vida. Meus lábios tem o molde dos seus e agora parece difícil me encaixar em outros.
Essa varanda é estranha sem você, tem muito espaço aqui, parece até que eles reformaram. Talvez tenham, mas fora isso e os cartazes, o bar não mudou muito, ele ainda anda cheio, com amigos, música, os jogos e as bebidas. Tudo funciona bem, e apesar de ter poucas diferenças visíveis ainda falta a animação que tinha por aqui, falta um pouco da atmosfera mágica que inundava o lugar. Daqui, do alto da varanda, eu percebo que falta um pedaço.
Falta você.