[Você pode ler este texto ao som de Maybe – Janis Joplin]
Dessa vez eu tô assim: Anestesiada. E essa é exatamente a palavra, anestesiada. Não sei explicar. Simplesmente não sinto. Nada. Pra não falar que não, às vezes me sobe um sufoco a garganta que eu não sei explicar, mas eu acho que deve ser saudade. Deve ser quando eu lembro que não vou tê-lo novamente próximo a mim, ouvir as histórias e ficar só olhando o jeito que ele se mexe ao contá-las com tanto entusiasmo e depois ficar olhando pra mim como se esperasse alguma reação. Mas eu nunca tinha nenhuma. Ficava boba e apaixonada, sem reação. Tava admirando. Sem falar que ele tinha o poder de me apaixonar toda vez que ele me olhava e eu podia ficar ali, olhando pra ele o dia todo e me apaixonando cada vez mais, mas sempre com a nossa bagunça, que às vezes chamávamos de relacionamento, nunca tivemos oportunidade.
Se a gente for parar pra analisar, a saudade seria normal pra qualquer um. É normal que se sinta falta de alguém que ‘esteve ali’ com você por… Um ano? A gente pode colocar assim?! Eu sei o que senti, não sei afirmar o que ele sentiu, mas eu sei que não havia sentimento somente por uma das partes, mesmo quando ele insistia em afirmar que a balança pesava mais pro meu lado. Talvez fosse. Porém… Acho que de vez em quando ele superestimava o meu sentimento. O que senti, ou o que sinto, já não sei mais, foi verdadeiro, ou melhor, é verdadeiro. Mas o que acontece é que ele tá aqui, quieto, adormecido, anestesiado.
Anestesiado… Digo isso porque ainda não senti. Nada. Talvez venha depois, sei lá. Só sei que não veio. Dessa vez tô preferindo não ouvir sobre. Tô me guardando. Me cuidando. Não permitindo que eu mesma me machuque dessa vez. Quando algo me faz lembrar, até chego a ficar saudosa, mas não me faz ter vontade de querer novamente, não me traz aquele desejo que eu tinha. Fico saudosa, sim, só que dessa vez de uma forma que me faz sentir que foi bom. Foi bom, entende? Dessa vez o verbo está no tempo que é pra estar, num Pretérito Perfeito. Ele está no tempo onde a ação foi iniciada e concluída, não há mais o que se acrescentar.
Eu espero que quando essa anestesia passar a dor já não esteja mais tão evidente. E que não passe por mim como um furacão que tudo destrói, mas que seja como uma brisa suave e que me afague a pele. E que um dia eu possa amar novamente e que possa ter uma retribuição com a mesma intensidade.
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