A política do desapego


A ideia do desapego é bem simples na teoria e meio complicada na prática, como tudo na vida: viver sem amarras que te prendam demais a algo ou alguém de forma com que isso te torne extremamente dependente daquilo. Uns dizem que o desapego é um incentivo à vida irresponsável que não respeita sentimentos alheios e sugere o caos emocional onde as pessoas nunca se deixam levar a conhecer mais profundamente umas às outras. Outros dizem que é a solução pros problemas de ordem sentimental, que é o melhor remédio pra evitar corações partidos ou decepções maiores que tenham envolvido confiança ou algum depósito de expectativa na tal coisa ou pessoa.

Acho que a maioria de nós já se pegou naquele momento em que decide se apoiar ou não em alguém ou em alguma coisa da qual gosta muito. Eu mesmo tenho grandes problemas em me livrar de objetos antigos. Num dia desses, parei pra procurar a minha carteira e não achava nunca na bagunça de coisas antigas se misturando ao que eu precisava pra agora; passado e presente numa mistura confusa.

Foi aí que eu tive essa perspectiva diferente sobre o desapego. Confesso que via muita frieza no ato de “se livrar” das coisas e pessoas. Mas como é que eu vou conseguir dar lugar às coisas novas, ao meu presente, ao que eu preciso nesse momento se eu ainda guardo um monte de entulho que não me serve mais, que não me leva pra frente e que não faz a menor diferença na minha vida? Nesse sentido, pessoas e objetos podem ser bem parecidos. O meu guarda-roupa era um reflexo do que a minha vida tem se tornado com a minha política do apego indiscriminado às memórias inúteis.

Desapego, no seu sentido mais amplo, significa ser leve. Não é que você não possa amar algo ou alguém, não é que você precise ser frio e tratar tudo como descartável, mas precisa levar adiante apenas o que te faz bem. Soltar e deixar ir. Sem depositar aquela expectativa furada que vai gerar frustração. Sem colocar tanto peso num passado que embolorou e num futuro que ainda nem dobrou a esquina. Desapegar é revisitar a casa e achar o necessário, o dispensável e planejar a vida pro agora. Como eu disse no início do texto, é viver sem amarras, ainda que seja fácil na teoria e bem difícil na prática. A própria prática budista considera o desapego um dos ensinamentos essenciais da vida. É uma forma de não se prender a coisas que te escravizam e trazem prejuízo espiritual e físico. Não é falta de interesse ou fuga, mas uma consideração de que a vida pode ser melhor se vivida e planejada com a leveza do presente. É deixar estar.

Faça como a OLX e desapegue.

A OLX Brasil, o maior site de classificados do Brasil, também anda desapegando por aí. A proposta da nova campanha da empresa é simples: por que guardar um bando de coisas que você não precisa mais ou que não te ajudam em nada? Que tal vender, liberar um espaço pra outras coisas e ainda ganhar uma grana? Aposto que você não vai sentir falta daquele computador de mesa que você mal liga ou daquela bicicleta que devia entrar junto com a dieta da segunda-feira, mas que foi esquecida dentro do armário.

Criada na Argentina em 2006, a OLX já atua em 96 países de 40 línguas diferentes. E o novo lema “Desapega!” tá tão bacana que os vídeos da campanha proporcionam bons momentos de humor pra quem acha o tema um pouco pesado. E também mostram como é muito fácil vender e comprar pela OLX. Quer ver? Então confere aí embaixo o vídeo e aproveita pra já desapegar de algumas coisas que não te servem mais.

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