Eu e Elas – Vale a pena entrar num relacionamento só por carência?


Daniel Bovolento

Fala, galera!  O tema dessa semana é o trecho de uma música do Leo Jaime chamada Pode Ser.

O amor não é um vício, mas pode ser uma missão. É melhor um caso à toa que o egoísmo da solidão.”

Eu acredito que muito da carência dos dias de hoje é proveniente de lados diferentes. Não existe uma única fonte de carência que gere toda essa insatisfação nas pessoas. Vai desde a frustração com o trabalho até a vontade de ter alguém em dias frios pra aquecer os pés. Por isso, a declaração da música parece ser um tanto quanto politicamente incorreta: ela salienta que é melhor entrar num relacionamento sem muito fundo ou pano pra manga do que ficar sozinho.

Por um lado, acho que tudo é válido quando a pessoa em questão não usa a outra para suprir suas necessidades imediatas e a descarta em seguida. Isso se chama falta de consideração – das brabas. Por outro lado, acho que a situação apresenta aquele velho “e se…?” que pode fazer com que um caso à toa se torne muito mais do que isso.

Entre gregos e troianos, eu defendo a solidão. Já escrevi sobre isso e repito aqui: não entendo o porquê do fato de estar sozinho ser considerado tão ruim assim. As pessoas associam a solidão opcional com um status de falha – que não existe. Solidão faz bem – tanto pra pele quanto pra alma. É aquele momento suspenso em que você para e observa o mundo rodando. Sem movimento de rotação algum. É só você com você mesmo e mais ninguém.

Sem muito blá, blá, blá: eu perguntei pras meninas o que elas achavam sobre o assunto e, bem, elas podem falar melhor que eu. Espero que vocês curtam!

 

Isabela Freitas

Escritora, blogueira e louca nas horas vagas. Sagitariana com muitas filosofias e ideais. Vale muito a pena visitar o blog dela. Ah, e segue lá no @isabelaafreitas!

 

Discordo total desse trecho. Acho que casos à toa nos desgastam, nos fazem sofrer, decepcionam. Casos à toa distraem por tempo determinado e acabam de forma trágica. Casos à toa podem fazer uma mulher desacreditar do verdadeiro amor. Ser sozinha não é ser egoísta. Ser sozinha é saber apreciar a sua própria companhia, é se amar e não precisar de um outro amor que complete. Por muito tempo eu tentei tampar a solidão com namoros bobos, com pessoas que em nada me encantavam, que nada me acrescentavam. Até que vi que isso não me levaria a lugar algum, que eu arrumava problemas para depois resolver. Parecia que eu gostava de ter o porque reclamar, sabem? Daí resolvi ficar sozinha por um ano. E foi o melhor ano da minha vida. Me conheci mais a fundo, aprendi muitas coisas e, principalmente, aprendi a escolher bem quem queria ao meu lado. Resultado? Em um belo dia achei meu namorado, que hoje posso dizer, é o amor da minha vida. Quando estamos distraídas é que um grande amor aparece. O amor não aparece para aqueles que o esperam.

 

 

Aline Bérgamo

Aline, 21 anos, ranzinza, tagarela e ansiosa até demais. Escrever ajuda. Segue lá no @libergamo!

 

 

Eu acho que a maioria das pessoas hoje em dia têm receio de se relacionar. É uma espécie de “cultura do medo” em relação aos sentimentos que não acaba mais… Quem melhor do ninguém pode decidir se o seu sentimento é um vício, uma missão ou qualquer outra coisa, é você mesmo. Da mesma forma que só você pode dizer se fica mais à vontade sozinho ou acompanhado. Para algumas pessoas, que estão bem consigo, ficar sozinha não é uma opção ruim nem de longe, já para outras… Aí o relacionamento se torna sim um vício, apenas porque é necessário, porque se precisa da companhia de alguém, porque não se quer ficar sozinho. Nesse caso, “o egoísmo da solidão” seria até mais prático e o caso à toa pode não funcionar. Eu prefiro encarar o amor como uma missão, uma entrega, não como algo que vem de passagem, te arrebata e depois te abandona.

 

Larissa Barone

Larissa tem 21 anos e estuda direito, o que é muito errado. Jura que é mais magra do que aparenta vestida, vende conselhos como ninguém e gosta mais de palavras que de pessoas. Segue lá no @baronelarissa!

 

Que engraçado ter ali, juntinho, na mesma estrofe, idéias tão complementares e tão antitéticas ao mesmo tempo.

Dei um sorriso tímido ao lembrar dos meus momentos de “qualquer paixão me diverte” e de todos os amores que eu levava nos bolsos, deixando um cair pro outro caber, vez ou outra, e de repente entendi. A real é que, tem solidão maior do que viver de casos à toa? E pode haver, neste mundo, egoísmo maior do que usar esses casos pra tapar o sol com a peneira e tentar não se queimar?  Nessa hora, no auge do instinto ultra-humano de buscar saciar seu vazio e sua necessidade, nos vestimos num egoísmo enfeitado e atraente, que tira do outro aquilo que precisamos e, UAU! é tudo realmente delicioso até que… Bom, até que deixa de ser. O amor não é um vício, a conquista é. A massagem pro ego é.

Somos movidos pelo desafio que é alcançar o próximo, dar alguns passos no mesmo rítimo e correr pra quem estiver mais longe.

E, apesar dessa corrida de revesamento ser uma das coisas mais gostosas e estimulantes da juventude, alguém ainda poderia dizer que isso não é solidão? Que não é egoísmo?

Amor não é entrar pela porta da frente (ou de trás, hehe) do outro. Amor é abrir a sua porta, escancarar as suas janelas e recebê-lo de braços e cortinas abertas. Todo resto é medo, é passar o texto na frente do espelho. Todo resto é ensaio.

Mas a verdade é que um dia, e ele sempre chega pra quem o deixa chegar, o espelho se torna uma plateia ansiosa pela sua apresentação.

E o amor, meu amigo…O amor, assim como o fantástico, é um show da vida.

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E você? O que pensa do tema dessa semana? Vale a pena arranjar um amor à toa só pra não ficar sozinho?

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