[Você pode ler esse texto ao som de You and I, da Ingrid Michaelson]
Já está quase fazendo 1 da primeira vez que ficamos, e todo dia antes de dormir eu ainda penso em você. Se já passou das duas da manhã então, eu até vou olhar se você está online, e é muito difícil me segurar porque geralmente você está lá, a bolinha verde bem acesa.
Não é como se eu pensasse em você o tempo todo, minha vida seguiu normal. Tive uns rolos aqui outros ali, saio com os amigos, vejo minhas séries. Mas gostaria de saber como foi o seu dia, como estão as tirinhas que você estava escrevendo, em que pé está o relacionamento com a sua irmã. Se anda lendo meus textos, se sabe que é de você que eu falo.
No fundo eu sei que não vai adiantar nada, que ninguém mudou nos últimos 9 meses. Nem vou fingir que não acabei de ficar muito surpresa que faz esse tempo todo desde a última vez que te vi, mas ainda sinto como se tivesse sido ontem. Os 30 anos podiam ajudar um pouco nessa parada da memória, não?!
– Eu estou com saudades. Saudades do seu cheiro, da minha mão puxando o seu cabelo, da sua mão apertando o meu braço. Da sua boca na minha. Da minha boca mordendo seu lábio. De sentir uma risadinha no meio de um beijo. De estar quase dormindo mas não conseguir parar.
Isso é o que eu queria te dizer. Mas o que sempre sai é:
– Você curtiu Guardiões da Galáxia? Eu amei, o Groot bebê é a coisa mais fofa.
Sério, eu sou melhor que isso, sei que sou. Mas pelo menos falando amenidades eu consigo dar um oi. Acho que falar sobre nada é o novo ligar pro crush e desligar depois do alô. Só pra você lembrar que estou ali. Só pra eu lembrar que você está ali, do outro lado da tela numa cidade vizinha.
Mas no fim do dia, eu sigo em silêncio. As vezes chego a escrever uma mensagem prometendo reler no dia seguinte, e se ainda fizer sentido enviar. A sorte é que na luz do dia nada faz sentido, meu mundo só gira a noite. Então eu sigo escrevendo para qualquer um que não seja você e celebrando as pequenas vitórias: mais um dia passou e eu não falei com você.
