Faz quanto tempo que você não encontra a sua melhor amiga do ensino médio? Faz quanto tempo que vocês não se falam? Ok, agora quando foi a última vez que você ouviu a voz dela? Não, não em um áudio do Whatsapp, mas pessoalmente. Você sequer lembra? Pois é.
Com o surgimento de novos aplicativos, tecnologias mais eficientes e câmeras ultra avançadas, temos a sensação de estarmos próximos de pessoas de outros estados (e até países). É uma delícia poder vermos pelo FaceTime alguém que está lá no Rio, ou que viajou para a Indonésia e você só vai abraçar de novo no ano que vem. Mas e as pessoas de perto?
Quando é que vocês vão se abraçar de novo?
Que todo mundo está na correria já é quase senso comum, mas as tecnologias tem causado um isolamento social sutil e pouca gente percebeu. Isso é, pela tela do nosso celular ou do computador a gente troca centenas de mensagens com centenas de pessoas todos os dias.
Você vê fotos, vídeos, você acompanha de longe a vida das pessoas. De longe. Isso nos dá a sensação de que estamos ali, que somos presentes na vida do fulano, mas será mesmo?
Agora já existe até uma extensão para os navegadores que permite que você e um outro computador assistam ao mesmo filme, ao mesmo tempo. Não é maravilhoso. É sim! Eu mesmo já assisti filmes com meus amigos de outros estados enquanto ficávamos ao telefone.
Era um “pausa, dá play agora, aí está adiantando” que deixava a coisa toda muito cansativa, mas se era o mais perto de “presença” que tínhamos, ok. Olha só que tecnologia maravilhosa?! Provavelmente vai acabar com metade do meu sofrimento com a falta de sincronização, pensei, até que minha amiga que mora há vinte minutos da minha casa me sugeriu que usássemos a extensão para assistirmos um filme. Não era mais fácil pegarmos um ônibus para estarmos, de fato, juntos?
Outro dia minha mãe me perguntou se uma amiga estava namorando e eu disse que sim. Nós costumávamos estar na casa um do outro todo fim de semana, e eu soube do namoro pelo Instagram, vendo uma foto dos dois jurando amor eterno. E aí minha mãe me perguntou como ele era, se ela estava feliz, e eu percebi que eu não sabia. Claro que eu não sabia, porque uma foto do Instagram dizia muita coisa, mas quase nada ao mesmo tempo. E eu percebi que a última mensagem que tínhamos trocado havia sido semanas atrás. Mas eu tinha a sensação de que conversamos outro dia mesmo…
Ah, é porque ela comentou na minha foto anteontem e curtiu meu post sobre aquele filme semana passada. Mas a última vez que de fato curtimos a presença um do outro, compartilhamos comentários sobre um filme que amamos ou odiamos eu não pude lembrar.
De fato, as telas dos smartphones servem para aproximar muita gente… Mas também acaba por nos isolar dessas pessoas sem que a gente sequer perceba.