Às vezes, não tem nada que você possa fazer pra evitar o fim


[Você pode ler este texto ao som de Ruin]

Passei madrugadas dias atrás conversando com uma amiga que acabou um relacionamento há um tempo e não conseguiu enxergar o universo se reconstruir ao redor depois de tudo. Passou mês, passou ano, passou madrugadas e mais madrugadas e nada voltou para o lugar. Diz que o mundo parece ter acabado e se tornado ruínas. Puro escombros na frente dos olhos. Mas talvez não tenha sido as coisas do lado de fora que se desconstruíram assim.

Quando escolhemos nos envolver com alguém, quase que de imediato, assinados um atestado de ciência de que tudo pode ruir em algum momento. Sabemos da possibilidade, mesmo que ela ainda não seja palpável. Fazemos juras ao que sentimos, colocamos todas as nossas forças para que dê certo daqui até algum momento distante lá frente. De vez em quando, no entanto, o mundo não gira na velocidade que as coisas precisam para acontecer.

Acontece muito isso. Às vezes os santos param de bater, noutras o reloginho interno não colabora para que sigamos em frente. Calha de sermos babacas e não valorizarmos o que está sendo construído, calha de serem assim com a gente. De vez em quando é culpa nossa, de vez em quando adiantaria fazer nada para evitar o fim. Acontece.

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Desde que ela terminou, a hora de dormir se tornou um martírio gigante. Conta e afirma que isso acontece mesmo que não morassem juntos. Faz falta a última ligação do dia, dá saudade das conferências de pijama durante a madrugada. Bate um aperto gigante por uma série de costumes que se perderam lá atrás ou desmoronaram junto.

Quando precisamos deixar alguma coisa para trás por algum motivo doído do universo, podemos escolher a maneira com que lidaremos com esse fim. Transformar em mágoa ou lembrança boa depende inteiramente de nós mesmos. O desenho da tatuagem na alma somos nós que escolhemos. O nosso modo de olhar para trás também.

A dica que eu dei para ela é que olhe com outra perspectiva para o que ficou no passado. Talvez, reconhecer que foi bom e foi bonito, mas acabou – porque uma hora tudo acaba -, seja uma maneira menos dolorosa de entender onde estamos hoje. Colocar o passado no seu devido lugar e fixar os olhos no futuro é difícil às vezes, mas é libertador quando a dor cede um pouco de espaço para outros sentimentos depois de um tempo.

O que eu espero é que ela é ela erga os olhos e perceba que, pela frente, lá num cantinho do futuro, o mundo não desmoronou. Tá tudo no lugar. Falta apenas que ela encontre seu lugar de novo outra vez.

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