Aquela vez, a nossa vez foi diferente de todas as outras. Você me fazia tão bem, todo mundo notava. Até minha pele mudou, ficou mais iluminada. Eu, que não sou de achar graça em tudo, ria tanto das loucuras que você me falava.
Com você era assim, a barriga sempre doía, o coração não.
A nossa conexão foi instantânea, a intimidade se fez sem rodeios e em pouco tempo parecia que você sempre esteve ali. A gente se dava tão bem, você era o amigo mais sincero que eu tive e um dos únicos que batia de frente comigo, mas falava com um jeitinho que me derretia inteira. Não era justo.
Nós combinávamos tanto juntos, era tão na medida que até quem não conhecia parava pra dizer. Você tinha um sorriso tão lindo, os olhos também, confesso, aliás, tudo era lindo em você.
A gente sempre foi uma dupla, torcíamos um pelo outro e só competíamos na teimosia e na fome. Fizemos muita coisa, porém, não fazer ‘nada’ com você conseguia ser meu programa preferido.
Não era uma história foda, complicada, épica. Era simples, tranquila, gostosa, trazia paz pra vida da gente. Não daríamos um filme, muito menos uma novela. Não foi o meu romance mais longo, nem o mais curto, mas o mais leve.
Foram tantas músicas trocadas, tantas palavras por dizer, tantas conversas intermináveis até às 5 da manhã, tanto silêncio que falava tudo.
Um olhar, um carinho, um presentinho barato, um bilhete, um belisco, uma mordida, uma conchinha, um abraço, um entrelaçar de dedos e pernas… Coisas tão pequenas e tão grandiosas por ser a gente.
Você era chato, e cabeça dura, e insuportável, e incrível. Tudo virava festa do seu lado e a vida parecia mais fácil vista por seus olhos. E era isso que eu mais gostava em você. Bom humor você transpirava, otimismo você exalava. Quem em sã consciência não se apaixonaria por você?
Em algum momento nos perdemos, cada um foi pro seu lado, um fim meio sem final e que não me lembro muito bem. Acho que o nosso único erro foi não se dar conta.
É claro que não dói mais, muita coisa já se passou e agora sua lembrança me abre um sorriso de gratidão por ter acontecido.
Hoje eu sei, eu sempre soube: Não era amor. Não chegou a ser amor. Mas era tão lindo… que tinha tudo pra ser.