Sobre amores que marcam pra sempre


[Você pode ler este texto ao som de As Much As I Ever Could]

Sentei no limbo e, após esses meses todos e alguns engradados tomados enquanto refletia sobre umas tantas coisas entre mim e você, percebo que nem sempre o limbo é suficiente. Foram uns meses todos entorpecido. Nem um, nem dois. Alguns. Na verdade, sei a contagem exata de dias, de horas, de goles, de segundos pensando em você, mas me recuso a dizer por que para você isso seria o mesmo que entregar o ouro. Você sempre levou muito a sério essa coisa do orgulho; não tenho, não carrego porque sei que faz mal, que machuca, mas você da um valor danado. E eu percebi que o limbo as vezes nem sempre é suficiente para tirar um amor da gente.

Existem amores que marcam. Alguns fazem uma tatuagem nas costas e nos impossibilitam de recordar, de ver e lembrar como foi de verdade, como teve afeto enquanto durou, ou como foram somente suficientes para nos fazer crescer e guardar algumas mágoas, porque o nosso recipiente de sentimentos ruins andava um pouco vazio. Outros tatuam peito e braços, e nos fazem lembrar o tempo inteiro o quanto ainda é amor, o quanto marcou e foi bom, o quanto marcou e a gente podia ter se doado um pouco mais porque era amor e faltou entrega. Você tatuou meu peito e braços por completo. Não deixou espaço nem lugar para ninguém marcar mais nada por ali, só sobrou um canto nas costas, e agora, é o seu amor que reflete no meu espelho, que entra no meu campo de visão em todas as vezes em que eu pego o copo para me entorpecer com mais um gole, por mais que o meu limbo seja escuro.

Não foi a primeira vez que passei pelo limbo. Me livrei ali de umas tantas amarras, de uns tantos amores que tinham tudo para dar certo e não deram, de umas tantas histórias de amor que criei e quebrei a cara, mas não me livrei de você. Existem histórias que marcam na gente e não há nada suficiente para apagar da memória as coisas boas que ficaram. Meu tempo no limbo resumiu-se em lembrar-me das tardes no parque, dos domingos chuvosos a base de Nutella e Netflix, das festas de família em que a gente ficava sem graça, e daquele verão em Salvador em que uma semana no mesmo quarto do hotel foi o suficiente para nos mostrar o quanto a gente daria certo dividindo o mesmo endereço.

Logo depois de sair do limbo eu pensei que ele tinha perdido o efeito, que o prazo de validade tinha acabado e que eu precisava de um novo amor para te apagar um pouco da memória. Mas não preciso. Tatuagem é pra vida toda, não é? Descobri então que existem amores que não saem da gente; que existem amores que fazem tatuagem no peito e nos braços, e basta nos olharmos no espelho para percebemos o quanto ainda faz falta, o quanto marca, o quanto a gente faria de tudo para ter de volta. Até entregar o ouro vale.

Existem amores que não saem da gente; amores que faz do limbo lugar insuficiente. Você não saiu de mim. Tatuou e ficou. Agora, só falta voltar.

hermann

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