Olhares apaixonados. Livros inacabados. Filmes que até hoje não sabemos o final. Cervejas pelos bares da cidade. Mensagens atrevidas antes de dormir. Passeios pelo parque, músicas cantadas em alta voz, abraços apertados e beijos demorados. Será que tudo isso, na verdade, só aconteceu na minha imaginação?
Não sei exatamente onde foi que deixamos de ser o que achávamos que éramos um para o outro. Não tenho certeza, até hoje, quem era a pessoa que esteve comigo e a verdade e que você não me deixou descobrir. Acho a verdade é essa: alguma hora a gente só deixou a máscara cair e vimos que tudo aquilo que idealizamos nunca iria acontecer.
Eu nunca seria a pessoa que não acharia ruim que você não me avisasse para onde estava indo. Você nunca seria o cara que eu pudesse ter certeza que não sairia de madrugada sem me contar. Eu nunca seria aquela que engolia as palavras para evitar qualquer discussão e você nunca seria o cara que quisesse, realmente, evitar uma briga. Eu nunca seria menos ciumenta e você nunca deixaria de testar o meu ciúme. Eu não deixaria meus planos de lado e você não queria mais me incluir nos seus.
Talvez a verdade seja que, no fundo, esperamos que as pessoas mudem, mas uma hora cai a ficha de que as coisas vão sempre ser assim e nunca, nunca mesmo, vão mudar, por mais que haja brigas, por mais que se discuta a relação. A segunda verdade é que temos duas escolhas: ou engolimos o que nos agrada e tentamos superar as desavenças ou deixamos de lado as tentativas e vamos seguir cada um para um lado.
Se a escolha for pela segunda alternativa, não adianta fingir que não estão desistindo um do outro. Às vezes essa é a escolha mais dolorida. Outras vezes ela é somente uma maneira de escapar das frustrações. E a vida segue. E depois de um tempo ficamos em dúvida sobre o que realmente vivemos, se era tudo verdade ou apenas uma maneira da nossa imaginação tentar nos convencer que iria dar certo. Mesmo que não fosse. Mesmo que não foi.