Talvez ela não tenha seu sorriso. Aquele torto e cínico, escondido do lado esquerdo do seu rosto, que só você sabia dar. Mas espero que ela tenha vinte por cento do seu humor – foi muito por causa dele, e de mil outras coisas, que eu me apaixonei. Espero que ela ria até perder o ar, do jeito que você sempre fazia, mas que não perca o riso com o passar do tempo, nem canse de mim, de nós dois, do amor. Espero que ela não seja outra que diga que vai ficar e, no fim, não ficou.
Se eu pudesse escolher alguma coisa, iria querer que ela tivesse seu olhar carinhoso ao acordar. E aquele ar despretensioso que você tinha ao dormir. Uma vez, te olhando, eu jurei que poderia passar o resto da vida só te vendo ali, sem medo, sonhando. Mas a gente sempre acorda dessas ilusões malucas de que amores duram pra sempre, não acorda? Eu, pelo menos, acordei.
Seu gosto musical insuportável ela não precisa ter. Talvez eu encontre alguém que, finalmente, curta passar a tarde de domingo ouvindo Caetano ao meu lado. Alguém que tope fazer aquela trilha do Costão de Itacoatiara que eu sempre quis fazer e você nunca quis me acompanhar. Já pensou eu encontro alguém que não me ache maluco por querer rodar o mundo em um cruzeiro quando eu tiver setenta anos?
Espero que ela tenha três doses a mais de amor se um dia resolver partir. E aí não parta como você – meu coração inteiro. Quem sabe, olha só, eu não dê a sorte de encontrar alguém que não vá me fazer questionar tudo, cada passo, cada vírgula da história, pra saber se valeu a pena. Vai ver eu ache alguém que me dê menos dúvidas e me encha de certezas.
De verdade? Espero que ela me faça parar de pensar que era você. E que só não era eu. E tudo bem porque a gente tem que aceitar quando não é a gente. Não é? Às vezes, a gente tem que aceitar que a gente tava pronto e o outro não. Mas espero que ela me faça pensar, depois de um tempo, que era ela. Que é ela. E espero, do fundo do coração, que ela seja.
Porque se tem uma coisa em que eu continuo acreditando, é isso: uma hora, vai ser.
Eu vou encontrar outra “você”.
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