É oficial: estamos no inverno. Tudo bem que nestes lados da cidade você pode sair de cachecol e se surpreender com um calor vindo sei lá de onde, estragando todo um look pensado no dia anterior, te fazendo colocar todas as blusas na bolsa ou na mochila e criando esbarrões no transporte público. Enfim: o mais legal de estar no frio é desenterrar aquelas músicas que fazem todo o sentido com vento gelado, as roupas mais bonitas do armário e essa necessidade inconstante de aquecer o peito.
Não reclamo do frio, apesar dele trazer um certo desconforto (fico pensando nas pessoas que estão sem blusa, nos frios ainda piores em outros lugares do mundo etc). Mas imagina morar na Islândia, país que, no inverno, tem cerca de cinco horas de luz solar? É uma vivência e tanto que, obviamente, dá diferença no jeito que a gente sente e vê o mundo – refletindo, principalmente, na arte.
Então coloque os fones de ouvido, aprume seus gorros e feche os casacos – aqui quatro artistas islandeses para gente curtir essa época do ano com boa música feita no frio:
Emiliana Torrini
Talvez minha cantora favorita lá da Islândia – e eu sei que a Bjork é de lá – país mais inóspito e cheio de gêiseres e nevascas. Existe uma delicadeza aqui, atrelada em alguma sensualidade mais morosa – tudo bem trabalhado nos solos de violão e guitarra. O primeiro verso de “Birds”, do ótimo álbum Me and Armani , “vamos ficar acordados e ouvir a escuridão”, pode até soar hermético, mas o refrão, “uuuuuuuuuuuuuuuuuuuuh” vai fazer um sentido danado se o céu estiver cinza, como é de costume nestes dias. Acreditem em mim.
Sigur Rós
O clipe dá frio só de pensar de assistir, com toda essa neve batendo na cara. “Varúð”, do álbum Valtari – o último com a antiga formação da banda – quer dizer “atenção” e fala sobre acender fogueiras lá fora, porque, imagina: tá um frio do caramba. Você pode assistir o vídeo e sublimar como quiser, mas eu faço assim: vejo a possibilidade de encontrar pessoas (e suas luzes) na mais pesada neblina. A opção de manter tudo estático, menos aquela galera comas lanternas, me faz lembrar que as pessoas guardam em si a melhor blusa de lã para solucionar o frio: um abraço bem luminoso e quentinho.
Valgeir Sigurðsson
O nome é estranho, eu sei. Recentemente ouvi a seguinte frase: “incrível como a música cumpre seu papel, mesmo que venha de um lugar do outro lado do mundo”. E é real. O trabalho do músico Valgeir Sigurdsson – que já trabalhou com uma pá de artistas que a gente ama, como o Damon Albarn e a Feist – é um instrumental construído na orquestração, nos sons eletrônicos e nas viradas de ritmo. “Between Monuments” define bem e, por incrível que pareça, pode ser o som mais universal e menos friorento desta lista. Confere e me conta depois.
Múm
Por último e não menos importante, o Múm é um coletivo de artistas muito do delicado e fofo – a fragilidade das vozes, as teclas de piano tocadas no agudo, os sons eletrônicos aqui e ali. “Underwater Snow” pode estranhar a princípio, principalmente se você não é lá fã de vozes femininas apostando em falsetes, mas, se curtir, vale colocar como despertador no seu celular – o pianinho é encantador e pode te animar a levantar do edredom quentinho.
Bjork, Seabear, Amiina… Tantas outras indicações! Que mais conhece da Islândia – ou qual a sua playlist para o frio? Compartilha com a gente ☺
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