[Você pode ler este texto ao som de Dia Branco]
Troco as lâmpadas queimadas da sala. E dou um jeito na bagunça, nos restos esquecidos de outras pelos cantos, nas memórias encardidas das que passaram. Eu deixo aquela primeira gaveta da cômoda inteirinha pra você e te dou mais da metade do armário se você quiser. Passo uma mão de tinta nas paredes descascadas e tiro o pó que fica por cima da minha vida.
Eu lavo a louça acumulada na pia. E preparo o jantar com seus pratos preferidos. Faço o café da manhã e te dou o lado que quiser da cama. Eu deixo você colocar quantos cremes desejar no meu banheiro. E sua escova já tem o lugar reservado ao lado da minha. Eu te recebo assim: do melhor jeito que eu puder. Não é lá essas coisas, é verdade. A casa já anda meio velha, os móveis estão antigos e eu tenho um tanto de defeitos. Mas carinho? Carinho não vai faltar.
Abaixo o volume da TV enquanto eu estiver assistindo a um jogo se você quiser ler um livro. E não reclamo do seu gosto musical meio suspeito – eu também tenho lá meus momentos de inadequação musical. Eu respeito suas memórias, suas lembranças, suas saudades. Não vou querer satisfações do seu passado se você estiver disposta a construir um presente comigo.
Aqui dentro também não vai dar pra te receber em perfeito estado. É que a gente nunca mais fica completamente inteiro depois de todos os anos, de todos os amores – dos desamores –, das quedas e das decepções. Outras vieram, marcaram e passaram. E eu sou um pouco, também, de tudo o que vivi com elas. Mas eu quero é ser tudo o que quero viver com você.
Não te cobro muito – nem quero que me cobre. O amor perfeito a gente deixa nos filmes de romance. Não precisa ser tudo sempre bom. Eu encaro as brigas, os problemas, as diferenças, as vezes em que você não quiser olhar pra minha cara, as vezes em que eu tiver vontade de arrumar tudo e ir embora. Eu encaro as segundas-feiras, o amor depois que o amor deixa de ser bonito, os dias em que a gente se questionar se é isso mesmo o que a gente quer pra nossa vida.
Mas só se você vier.
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