Ele é profissa na arte de me cozinhar


Você certamente também tem um(a) peguete daquele gênero execrável “não caga nem sai da moita”, ou seja, não quer namorar com você, mas também não desaparece completamente. Esse tipo de coisa a gente aguenta por tempo determinado, mas sabe aqueles petulantes com um charme pessoal tão grande que fazem com que a gente se supere? Tem um desses me cozinhando há quase dois anos e não consigo me livrar dele. Não consigo. Ou melhor, consigo até o dia que ele me liga e diz que quer me ver. Ou me encontra em algum lugar e me dá aquele “vem cá minha nega” me puxando de encontro à sua boca. Já era! O fato é que ele é “profissa”, um destes que deveria ter uma tatuagem na testa, escrito: desaconselhável para amadoras (Amadoras = aquelas que têm a capacidade de amar!)

Vejam bem, não é que eu seja destas meio toscas, do tipo “mulher de malandro” que adoram ser engambeladas, levam foras, são maltratadas e ainda ficam correndo atrás. Bem pelo contrário! Sou dessas espertinhas, descoladas, desapegadas, que normalmente OS CARAS ficam correndo atrás. O problema é que esse desgraçado é simplesmente irresistível: barba por fazer, usa chapéu panamá, alguns cabelos grisalhos (de leve), está na casa dos trinta e poucos, tem uma cama king size, uma casa cheia de estilo, um gosto musical irresistível, é culto, cool, gosta de arte, sabe cozinhar e faz questão de que eu não tire o salto na hora de transar (e quem não acha EXTREMAMENTE SEXY transar de salto?!). Me entendem agora? Ele é foda.

A tática que ele usa é aquela única que funciona: dê um pouquinho, tire um pouquinho. Toda vez que a gente se vê eu acredito piamente que “agora vai”. É sempre super divertido, as conversas são boas e a vibe é sexy ao mesmo tempo. Ele me beija nas horas certas, conversa nas horas certas, me embebeda, me alimenta, faz tudo certo. E enche a minha bola, claro! Elogia a minha cintura, diz que sou linda, coloca o meu livro no topo da pilha do seu criado-mudo e dá desculpas super plausíveis para todas as investidas que o colocam contra a parede por todas as vezes que agiu feito otário. E eu acredito. Saio de lá acreditando. Até a hora em que ele manda o “super gêmeos ativar” e toma a forma de uma pedra de gelo (só vai entender essa referência quem assistiu este desenho quando criança!).

Aí ele começa a se tornar escorregadio, embaçado, frio e blasé. Ele até responde as mensagens de whatsapp (dê um pouquinho), mas sempre de uma forma que você se pergunta: WTF?? (WHAT THE FUCK?) O QUE ELE QUIS DIZER COM ISSO? Tipo: não dá pra saber se é bom ou se é ruim, se ele quer ou se não quer, se foi direta ou indireta. Aí ele me deixa no vácuo e some por uns dias (tire um pouquinho)… Até o dia que chega uma mensagem do tipo: “Tô deitado na rede com uma lua imensa no céu ouvindo The Killers. Só falta você! (dê um pouquinho). E aí a vontade é de cortá-lo em pedacinhos e comê-lo frito! Um espírito meio Dexter toma conta de mim e eu realmente tenho pensamentos assassinos (que envolvem fazer sexo com ele antes, é claro!)

O fato é que ele é charmoso até na arte de me cozinhar. E eu sei apreciar isso, pois já estive do lado de lá.

Por que tem sempre aquela pessoa com um toque diferente, uma química estonteante, que faz a gente virar mirim? Com ele não sei como agir, fico insegura, viro uma destas toscas que eu muito maldigo. Tenho plena noção de que preciso de ajuda para virar esse jogo. PRECISO. Mas não me venha com essas de ter que resisti-lo.

Nota do Editor: Alana não é só uma escritora de mão cheia que traz diálogos sobre o cotidiano. Ela também é uma mulher que decidiu buscar a vida dos seus sonhos recalculando sua rota e resolvendo que iria ser feliz a qualquer custo. Para isso, tornou-se uma nômade digital e busca a felicidade viajando o mundo. Lançou seu livro contando sua trajetória e dando dicas pra você que também vive procurando por algo que não sabe o que é ir atrás do que ama. Quer dar uma olhada no livro da Alana? Clica aqui.

Alana

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