Não dá mais.
A dor consumiu tudo o que eu tinha em mim. Se havia algo bom, foi engolido há muito tempo e, agora, só tem escuridão aqui dentro. E eu não agüento mais.
Ao mesmo tempo que sei que não dá pra apontar um culpado, eu tenho vontade de gritar que foram todos vocês. Aos que pensarem “mas eu nem fiz nada”, digo que é justamente esse fato que assina a sua sentença: Não fazer nada. Não escutar. Não ver – ou pior, fingir que não viu. Não dar um ombro amigo. Não oferecer um abraço. Foi achar que o tempo resolveria. Não resolveu. Não passou. Nada passou, a não ser a vontade de seguir tentando. Tentar para quê? Por quem? Essa vida é sozinha e essa realidade fica cada vez mais forte.
É muita porrada que a gente leva sem ter quem nos ampare. E, quando achamos que a próxima mão vem nos dar carinho, é mais um soco. Eu já to no chão e continuam chutando. E não vai parar nem quando eu for.
Não dá mais.
Sou fraco. Cada vez mais fraco. Nem pra chorar eu sirvo mais… Faz tempo que penso em como parar essa dor ardente e não vejo outra opção. Tem que ser assim. Talvez seja uma surpresa para alguns… E, para esses, eu digo: desculpem por decepcioná-los.
Essa vai ser a última vez, eu prometo.
Nota da autora: Precisamos falar sobre suicídio.
Você pode ter achado esse texto desnecessário. Foi um choque para mim, também. Mas não dá para ignorar que, no Brasil, uma pessoa comete suicídio a cada hora (fonte: Associação Brasileira de Psiquiatria).
Vivemos numa sociedade em que julgar os outros é hobby e piada. “É só brincadeira”. Não levamos o suicídio a sério – eu aposto que você já escreveu aquela célebre frase: “Queria estar morta”. Isso é pesado, já parou para pensar?
Em 2006, um jovem gaúcho de 16 anos anunciou, num fórum online, que estava cansado de viver. Precisou que uma menina do Canadá fizesse algo. Ela ligou para a polícia de lá, que entrou em contato com a Polícia Federal aqui. Até as autoridades locais conseguirem agir, já era tarde.
Aos poucos, o suicídio está deixando de ser um tabu. O próprio Facebook já liberou uma ferramenta, elaborada juntamente com o Centro de Valorização a Vida (CVV), que serve como auxílio e alerta. Por enquanto, o recurso só está disponível nos Estados Unidos e Austrália.
Quanto mais falarmos a respeito, menos sozinhas essas pessoas vão se sentir. Elas precisam de mim e de você. Vamos parar de ignorar esse problema e estender a mão. Precisamos falar sobre suicídio para salvar vidas.
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