Amor é importante, porra


Não existe amor. Não hesite no amor. Não, existe amor. Mas o amor, sentimento e apego profundo ao outro, é observado e sentido nos detalhes, na sutileza, na brisa que sussurra no seu ouvido um breve, simples e intenso “eu te amo”. Se nunca escutou, perceba o silêncio, aprecie-o. Se ainda assim não escutar, repare nos atos. Amamos, sobretudo, pelo que fazemos, pelo mimo, pelo pequeno gesto, pelo dar-se ao outro de maneira quase ou fatalmente irremediável. Mesmo que usasse todas as palavras existentes no mundo, nenhuma teria o mesmo impacto, a mesma força e o mesmo amor de um carinho. De um abraço. De um sorriso. De um beijo. Ou meramente de uma surpresa. O momento de um gesto, surpreendente, é maravilhado e maravilhoso, e eterniza-se. Te eternizei em alguns momentos, mesmo sabendo que era você vento. Tentei te entender por alguns segundos, mas entender pressupõe, depois de entendido, perder o interesse no que me interroga. Por isso, também, não entenda. Não quis criar expectativas, mas sempre, (in)conscientemente, esperamos. Deixei me tomar pela surpresa todas as vezes que tocava a campainha. E também quando passava uma era – glacial – sem tocá-la. Percebi seu tempo, tempestuoso; percebi suas fugas, suas vontades e anseios; e me deixei levar. Mas sempre existe um ponto: este. Um ponto que é importante pensar na decisão, de-cisão, separação em dois: te espero para uma noite ou para além?! Mas não responda. Algumas coisas desaparecem tão magicamente quão surgiram – ou perduram. E estas vão para o céu. O amor, em SP, talvez esteja soterrado, apagado ou morto pelo cinza dos prédios, pela agitação e pelo ar plúmbeo. Mesmo que não exista mais amor em SP, apenas SP, aqui, onde todos vão para céu, aos pés do Redentor, aqui, sim, prefiro acreditar, existe o mais importante (, porra): amor.

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