O amor nunca morre


[Você pode ler este texto ao som de I Will Follow You Into The Dark]

O amor nunca morre. Pelo menos o amor que tínhamos por alguém que morre, não.

Há 6 anos fiquei viúva num assalto. Ao ver que eu seria alvejada, Luciano, meu então marido, segurou o braço do bandido, que atirou a queima-roupa em seu peito. Luciano só teve tempo de esperar eu chegar até ele e abraçá-lo. Morreu aos 29 anos. Nossa filha, que hoje tem 11 anos, tinha 5 na época.

Foram tempos tenebrosos. Senti medo, raiva, rancor, ódio, indignação, vontade de me vingar, de morrer, de tudo ao mesmo tempo. Se não fossem por meus amigos, família e principalmente minha filha, eu não teria superado. Teria morrido dias depois.

Mas se esse amor não morre, como poderia me deixar morrer?

Ele se transforma, ele se molda, ele se recicla. Amor é resiliente, forte e, se nos permitirmos, ele nos fortalece.

Achei que jamais seria capaz de amor novamente, de ser amada. No entanto, o amor me mostrou que pode se delinear de tantas formas e que, a não ser que não nos permitamos, ele vai aflorar ao seu modo, no seu tempo.

Minha história é triste, dolorosa e toda vez que penso no Luciano, tento lembrar de sua vivacidade, de sua intensidade em cada momento. De como ele viveu cada coisa como se fosse a última. E isso me conforta, mas ainda me corroem as saudades e a dor da injustiça por sua morte trágica e precoce.

Mesmo assim, não me permito ser infeliz. Não tenho este direito. Luciano escolheu me salvar, então tenho obrigação de fazer da minha vida o melhor que eu possa viver. Por mim, por ele, por nossa Gigi.

Foi por isso que me apaixonei de novo. Me casei de novo. Amei de novo.

Tive sorte de ter alguém como ele para me salvar da morte e sorte em ter alguém como meu atual marido para me salvar do medo de amar de novo.

A vida é uma sucessão de chances e nós temos a escolha de dizer sim a todo momento. A vida é uma escola que vai nos ensinar, ainda que a duras penas, que não adianta de nada criarmos milhões de regras, pois as coisas serão como tem que ser.

E sentimentos são coisas tão incríveis que podem se moldar a tudo, mas quem se permite, aprende com eles a se transformar, a transcender, a evoluir.

Se tem algo que percebi nesta vida é que existem milhares de formas de amar, de conduzir os amores e todas são certas, pois errado mesmo é quem perde tempo tentando dar regras ao amor alheio ao invés de viver o seu.

O amor nunca morre. Ele se transforma. Mais que isso: ele nos transforma.

Thatu

*Para fins de direitos autorais, declaro que as imagens utilizadas neste post não pertencem ao blog. Qualquer problema ou reclamação quanto aos direitos de imagem podem ser feitas diretamente com nosso contato. Atenderemos prontamente.

-

Você também pode gostar desse assunto. Assista ao vídeo abaixo:

Comentários