Teu colo me pegou de surpresa. Era um desses toques bons, que nos faz torcer para o relógio parar de correr e dar aquela paradinha marota no tempo, sabe? Num breve espaço de um suspiro, consegui esquecer que o tempo é finito. Fechei os olhos e me desmanchei sob teu abraço, alheia ao fato de que existia um mundo fora dele.
Você tem desses abraços que tocam a alma, que aquecem o peito. Como se, ao abraçar, você doasse um pedaço de ti e nos deixasse levar. É tão difícil esbarrar em gente que abraça sem medo de se despedaçar, sabe? Falo despedaçar no sentido mais bonito – não no sentido que dói. Você se entrega. E isso é lindo demais.
Eu peguei um pedaço teu no primeiro abraço. E outros tantos, nos abraços seguintes, porque, poxa, estava ali. Não poderia fingir não ver, não poderia deixar passar. Não poderia. No quarto ou quinto toque, já pegava um pedaço teu e deixava um pedaço de mim, mas não sei se você via – e tudo bem se não visse, tudo bem mesmo.
Colecionei você. Peguei para mim tudo que podia. Cada toque, cada sorriso, cada história. Guardei com carinho, na intenção de devolver tudo depois – mas, honestamente?, não pretendo. Sei lá, me apeguei nos pedaços teus que ficaram comigo.
Quando achei que tinha pego tudo que podia, teu colo me pegou de surpresa. Eu me desmanchei ali, torcendo para o relógio parar e aquele momento se estender. Num piscar de olhos, esqueci que o tempo é finito. Naquele pequeno espaço de mãos, pernas e braços, eu roubei tudo de você que podia. E deixei um tanto de mim, sem querer…
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