Eu vou te deixar ir


[Você pode ler este texto ao som de West Coast]

– Vou te deixar ir.
– E se eu não quiser?
– Você quer. Talvez não saiba ainda.
– Isso é loucura. Eu te amo.
– Eu sei. Mas eu vou te machucar a partir de agora. E eu nunca me perdoaria por machucar alguém como você.
– Eu sou mais forte do que você imagina. Talvez eu aguente. Talvez eu queira que você me machuque.
– Mas eu não quero.
– Então você é fraco. E está errado. Eu não quero ir.
– Minha fraqueza foi deixar você entrar na minha vida e fazer essa bagunça. Eu estava bem. Tranquilamente habitando minha zona de conforto. Conhecendo pessoas diferentes, vivendo amores de primeiras vezes e evitando finais. Tristes ou felizes.
– E isso te bastava? Você não se sentia vazio ao voltar pra uma cama solitária e dormir enrolado em um cobertor?
– Não.
– Mentira. Sabe como eu sei? Quando eu cheguei você me pediu pra ficar.
– Isso não quer dizer nada…
– Pediu pra eu ficar e me deu seu mundo todo. Escancarou a porta pra minha bagunça.
– Nunca disse que era pra você ficar uma vida. Só queria que você ficasse uma noite.
– Eu devo ter entendido errado a sua ligação pedindo pra eu voltar…
– Eu sei. Gostei de você. Quis te ter na minha cama e na minha agenda. Quis te dar meus beijos e meu tempo. Eu sei.
– E agora eu tenho culpa de ter estragado sua paz?
– Tem. Não deveria ter ficado.
– Mas eu quis. Aceitei seus beijos e sua vida. Abracei todos os seus abraços.
– Eu vou te deixar ir.
– Não vou. Não até você me dar uma explicação melhor do que esse papo bobo de zona de conforto.
– Não sei o que dizer.
– Mas precisa. Se quiser mesmo que eu vá. Não vou mudar minha vida toda e ter que aprender a desamar você só por que você tem medo.
– Eu? Medo? Medo de que?
– De mim. De ser feliz. Medo de me ter pra sempre ou me perder por um dia. Medo de criar as expectativas que eu posso quebrar.
– Talvez eu tenha medo.
– Eu não quero ir.
– Mas eu vou te machucar. Eu sei que eu vou. Isso sempre acontece. Aconteceu em todas as outras.
– Eu vou ficar.
– Não tem medo?
– Tenho. De tudo. Mas não de ser feliz.

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