[+18] Ela nunca teve pudor


As horas se estendiam no quarto. Havia escolhido “independência” como a palavra a ser seguida, no seu sentido mais literal, inclusive, no que diz respeito aos homens. Ainda lembro-me, é verdade, de cada cheiro, aperto, de como me abriam as pernas e enfiavam a cara sem medo, das línguas, dedos, paus rígidos, suor, gemidos, desejos e etc.

Era gostoso, claro. Não ficava úmida, mas, sim, molhada por inteiro em cada pensamento, fantasiando sempre um momento oportuno em que pudesse ser quem eu realmente era, a tal da mulher ideal: A que fode como uma atriz pornô. Nunca tive pudor: Chupava, engolia, recebia, dava… Minha libido era uma pintura de Monet tamanha a perfeição. Gostava do que fazia, e sempre queria mais e mais, até um deles destruir minha autoestima; é a questão de se apaixonar e se arrebentar, da entrega sem a contrapartida. O trauma foi grande, tive que me reinventar quanto ao sexo. Pensei nele como pecado, mas não me sobrou nada em meu corpo que não tenha sido penetrado; abster-me? Muito drástico, nunca quis ser canonizada.

Estava em minha própria companhia nesse quarto. Restava-me um vinho, “Glory Box” tocando repetidamente e a Casa dos Budas Ditosos na minha estante, contando a história de uma senhora que faria até Anastasia virar Catherine Millet e mandar um belo vai se foder para o asséptico do Christian Grey. Puxei o livro e passei a devorar página atrás de página. Essa combinação entre o álcool, o erotismo safado e erudito de João Ubaldo e a voz de Beth Gibbons aguçava-me os sentidos. Imaginei toda a sorte de um pau a me foder novamente, enquanto o homem sussurraria em meu ouvido o quanto eu era gostosa e desenharia meu corpo nas palmas das mãos, redescobrindo cada curva, deixando que a pele com pele arrepiasse-nos por si só, com aquela entrada ora forte, ora suave, deslizando para dentro de mim e me fazendo gemer alto, cada vez mais alto, até que eu gozasse por inteiro naquele pau e o pau em mim, pulsando… “Porra, carne fraca do caralho!”, interrompi minha própria fantasia. Voltei à atenção para o que lia.

Larguei o livro e deitei-me solitária; os pensamentos, no entanto, não pararam, vinham de forma cíclica. Passei alguns minutos tentando negá-los sabia-se lá o motivo – logo eu, pura birra.  Já meio bêbada, a melodia da música de Portishead parecia me conduzir, as pernas inquietas roçavam-se uma na outra, das coxas ao tornozelo; as minhas mãos tocavam meus peitos por dentro da blusa enchendo a palma e apertando-me delicadamente, para, depois, brincar com meu mamilo até que endurecesse. Sem perceber, já ofegava. O corpo se descontrolava automaticamente na levada daquela guitarra e na súplica sussurrada: “I just wanna be a woman…”. Levei, então, dois dedos da mão esquerda à boca, enquanto acariciava-me lentamente com a outra mão, num movimento leve, circular, ainda por cima da calcinha, sentindo meus lábios sendo umedecidos por mim, até que a roupa ganhasse uma tonalidade mais escura por conta da excitação que já fazia com que eu me perdesse de olhos fechados. Aos poucos me descobria parecendo uma adolescente curiosa, deixando que os dedos realmente me tocassem por dentro da calcinha e achando um clitóris quase esquecido, inchando, que fazia meu corpo inteiro reagir ao ser tocado pela ponta macia de meu dedo. “Glory Box” pulsava em meus ouvidos. Certa de um delírio, já sem calcinha, apertava com força as coxas uma contra a outra, pressionando minha mão, sem sequer perder a cadência com o dedo médio; a buceta pedia, então, devagar, penetrei-me, inicialmente, com o mesmo dedo que circulava o clitóris – que logo viraram dois. Cada vez mais intenso, afundava o máximo que podia, o máximo que alongasse o meu gemido, como uma boa menina deve fazer em sua devassidão mais secreta.

Os dedos molhados escorregavam facilmente. Troquei as funções das mãos: a esquerda, que apertava os peitos, passou a estocar a buceta, assim, levei os dedos molhados da direita à boca, experimentando-me como nunca havia feito. Queria ser puta naquele momento, a minha própria puta. Chupava meus dedos já encharcados e os devolvia ainda mais lubrificados, brincando comigo mesma, embora já não fizesse diferença. Virei de bruços e posicionei-me de quatro, afundando o rosto de lado no travesseiro e gritando o suficiente para alguém pensar que poderia morrer. Meus dedos seguiam rápido, sem parar ou sair, e sem sinal de cãibra. Até para me penetrar num finger fuck anal estaria fácil, e não pensaria duas vezes se quisesse. A buceta seguia quente pelos toques, e, certamente, avermelhada. Senti algo num prazer inexplicável, lascivo demais para compreender. Repentino, um espasmo. Um grito que não perdia força, e os toques que não parei de maneira alguma buscando prolongar aquela sensação. Explodi num gozo interminável, em múltiplos orgasmos, como que fodida por alguma Deusa. Deixei que as pernas relaxassem até que eu me deitasse e os dedos saíssem quase naturalmente, repousando sobre a buceta num ato de carinho, um agradecimento pelo o que me propiciara. Lentamente, ainda ouvindo Portishead, hipnotizada pelo clima que eu mesmo criara, fui adormecendo satisfeita. Se poucas vezes havia me dado razão para me sentir uma mulher na mão de homens, dei-me por completa a mim mesmo.

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