[Você pode ler este texto ao som de Medo]
Meu medo de te perder é maior que o desespero de bater o dedinho do pé em uma quina assassina. É maior que a minha fome monstruosa nos momentos menos prováveis. É maior que minha loucura nos meus dias ruins. Meu medo de te perder é tão forte que me paralisa por alguns segundos, suficientes para notar que esse medo é uma tremenda bobagem.
Sentir medo e não aproveitar o momento pode causar muitos danos. Pode me fazer perder aquele golaço que você fez. Pode fazer com que você não saiba bem como agir e a gente acabe brigando. Pode fazer com que eu perca a razão nos momentos mais tranquilos e pode nos afastar também. E eu tenho muito medo do meu medo de jogar ladeira abaixo tudo que construímos.
Meu medo é tão grande que eu tenho pesadelos com o dia em que não estaremos mais juntos. Ah, vá. Eu sei que não é o fim do mundo e que não é pra tanto, mas quem disse que eu, meu cérebro e meu coração andamos de mãos dadas? Cada um funciona em prol de si mesmo, cada um tem suas nóias e suas certezas… mas o medo permanece.
Eu já tentei terapia, chazinho da vovó, falar com os amigos, sair pela noite caminhando para clarear as ideias… eu mudo de roupa, endereço, estilo, corte e cor de cabelo mas dentro de mim esse sentimento ridículo não muda. Eu tenho medo de te perder pra alguém mais legal, alguém com uma memória melhor e um vocabulário mais rico. Eu tenho medo de não parecer mais interessante pra você e que você se apaixone pela primeira menina interessante pelo caminho. Você não tem esse medo também, meu bem?
Queria derramar todo esse medo em um potinho e guardar pra mostrar pros meus filhos e dizer: “olha, isso aqui é totalmente desnecessário e eu convivi com isso por boa parte da minha vida”. Pra ouvir de resposta um “a gente já sabe, mãe. Fica tranquila porque a gente não tem medo mesmo, não”. Bom, eu espero ter filhos espertos, de preferência com você.
Eu espero ter tempo o suficiente pra viver tudo que quero. Pra gente visitar todos os museus, todas as festas, todos os amigos e toda a família. Porque a gente não seria nada sem as pessoas e os cenários que acompanham a nossa trajetória.
Sabe, pensando bem mesmo, a gente tem muita coisa linda pra viver. E, se não der tempo, a gente vive mais e mais e mais. Porque não vai acabar aqui, sei que isso é coisa explicada pela astrologia, pelos orixás ou pelo amor mesmo. A gente não vai acabar aqui, meu amor. A gente vai viver intensamente tudo que tem pra viver, deixando meu medinho num potinho trancado a sete chaves.
Viver é um risco e o final todo mundo sabe. Então, pra quê ter tanto medo assim?
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