Será que todo mundo tem as sensações que me acometem de vez em quando? Saudade da infância, preguiça da vida, um vazio existencial tão grande que só pode ser explicado como saco cheio.
Vivo no meio do caminho, carregada de “mais ou menos”, levando vírgulas e reticências que coleciono desde a adolescência.
Nunca soube me desfazer dos cadernos usados, que dirá das mágoas e amores mal resolvidos.
Jamais perdoei meu primeiro amor da infância. Estávamos na 2ª série e dividíamos o lanche, até que ele mudou de escola.
Era um presságio: “Prepare-se, sua vida romântica será dirigida por Lars Von Trier, e mesmo no ápice do sucesso, ninguém entenderá nada!”.
Dito e feito, já que os amores que vieram mais tarde seguiram mudando de escola (ainda que eu estivesse formada).
Sabe, as pessoas seguem em frente enquanto eu ando em círculos. Parece que as frustrações são grãos de areia convidativos e eu sou a criança com um balde, aquela que insiste em construir castelos na beira do mar.
Eu até gosto das ondas. É com resignação que as vejo batendo nas torres tortas do meu castelo, pronta para começar tudo outra vez.
Será que a culpa é toda daquele filho da putinha da 2ª série?
Vai ver ele me rogou uma praga e tá na mesma por aí, desiludido e fazendo buracos na areia com a porra de um balde.
Vê? São tantas loucuras e elucubrações sem sentido que não posso deixar de questionar se são exclusivamente minhas.
Mantenho uma coleção de arrependimentos tão grande quanto a coleção do Louvre. A diferença é que minhas dores não tem público.
Vai ver é por isso que o tempo se arrasta e nunca dou certo com ninguém. Há muita arte abstrata aqui dentro, muita coisa esperando para ser entendida, mas o amor quer figuras simples: uma casquinha de sorvete, um passeio de mãos dadas, a intensa superficialidade de uma relação que acontece no dia a dia, e não nas entranhas das minhas crises existenciais.
Acho que fui embora em cada amor que não rolou. Cada um desses caras, dos que amei e dos que eu quis amar, carregou um teco da minha paz solitária, deixando essa fulana ansiosa e deprimida, essa velha com menos de 30 que tem pressa e preguiça na mesma medida.
Eu queria ser Meg Ryan, mas sou a porra da Kate Winslet forjando uma grande história de amor, agarrada a uma tábua, vendo tudo afundar e perdendo o par romântico em menos de 48 horas.
Quanto mais eu amo, menos sei sobre amor.
*Para fins de direitos autorais, declaro que as imagens utilizadas neste post não pertencem ao blog. Qualquer problema ou reclamação quanto aos direitos de imagem podem ser feitas diretamente com nosso contato. Atenderemos prontamente.
Você também pode gostar desse assunto. Assista ao vídeo abaixo: