Dê play pra ouvir o texto interpretado por Olivia Dias
Eu poderia escrever sobre você, poderia escrever o quanto você me fez feliz ou então o quanto você me fez sofrer. Poderia escrever sobre o dia que você me pediu em namoro. Ou sobre a nossa primeira briga que não acabou em sexo. Sobre o dia que você me deixou e voltou, ou o dia que você me deixou e não voltou.
Mas esse dia não foi legal.
Poderia escrever sobre a semana inteira que eu fiquei planejando o jantar do domingo. Ou melhor, sobre como foi conhecer sua família. Poderia contar o quanto você me fez mudar. O quanto você me fez ficar viciada na música que hoje eu não suporto escutar. Sobre como ficar perto de você me fazia sentir uma coisa que até hoje eu não sei o que foi. Ou o que é, mas enfim, isso não vem ao caso.
Poderia escrever sobre o quanto você não faz sentido. Sobre o quanto você não liga se eu deixo de te ligar. Sobre o quanto eu corri atrás. Sobre o quanto você me fez sorrir quando isso parecia impossível. Poderia escrever sobre te provocar. Poderia escrever sobre o nosso primeiro jantar na tua casa, só nós dois, quando você inventou de cozinhar e a comida ficou horrível. Ou sobre o quanto eu achava que você me conhecia, mas na verdade…
Poderia confirmar a minha teoria de que no final as coisas sempre dão erradas. Talvez escrever sobre como as coisas, e pessoas, mudam. Poderia montar um livro com todas as cartas que eu escrevi para você e não mandei. Sobre como algumas, muitas coisas ainda me lembram você e sobre como outras me fazem pensar em absolutamente nada. Poderia escrever sobre como eu era antes de te conhecer. Poderia escrever sobre como consegui viver escondida em um mundo que você criou por tanto tempo. Ou sobre como eu consegui sair, ou não consegui. Talvez uma redação de como eu tô tentando, assim fica melhor. Ou então filosofar sobre se algum dia eu conseguirei sair realmente e te esquecer totalmente. Mas isso não faria sentido, afinal uma parte de mim ainda te considera importante, isso daria um bom texto também.
Poderia escrever sobre como eu fico hoje em dia quando falam de você. Poderia escrever sobre o primeiro dia que eu te vi, ou então sobre como me apaixonei. Poderia escrever sobre como nada nunca vai ser o que nós fomos. Ou sobre como eu me senti a primeira vez que você me deu a mão em público. Poderia escrever sobre diversas primeiras vezes com você: primeira vez que fomos na praia, no cinema, primeira decepção, primeira lágrima, primeira briga, primeiro sorriso… Ou então como era bom cozinhar para você. Poderia escrever sobre como fico insuportavelmente chata falando de você. Poderia escrever sobre como eu gosto da tua voz, sobre o quanto você faz falta e o quanto eu luto comigo mesma para, pelo menos dessa vez, não correr atrás. Talvez se eu escrevesse sobre a minha vontade de te ver novamente e não sentir absolutamente nada. Ou então sobre essa minha indecisão quando se trata de você, acrescentando um pouco sobre a minha luta diária de fazer com que ela acabe de uma vez por todas. Poderia escrever sobre como odeio não conseguir te odiar, ou então como fico clichê quando falo de você. Poderia escrever sobre a primeira vez que eu tentei me machucar para ver se a dor que você me proporcionava cessava. Poderia escrever sobre o resultado dessa tentativa.
Se eu fosse escrever sobre o seu perfume, só isso daria um texto enorme. Poderia escrever sobre como escrever sobre você pode me fazer um bem enorme ou um mal danado. Poderia escrever sobre os livros que eu li e gostei, os que recomendo, os que leria de novo e os que não leria nunca mais. Poderia escrever sobre minha banda favorita. Poderia escrever sobre a minha paixão por cicatrizes. Poderia escrever sobre a sua influência nas minhas decisões. Poderia escrever sobre sonhos. Poderia tentar explicar a minha paixão por covers e não por músicas originais. Talvez se eu escrevesse sobre o dia em que eu contei para a minha família sobre você… Daria um texto engraçado. Poderia escrever sobre o nosso primeiro beijo. Ou então sobre as vezes que te pedi para esquecer querendo que você lembrasse. Poderia escrever sobre tantas coisas, mas acabo não escrevendo nada. Nada é sempre o melhor que se pode escrever.
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