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Av. João Pessoa, 54 – sobreloja. O local parecia bem trash, ficava em cima de uma sex shop.
Estava uns 15 minutos adiantada e só conseguia pensar consigo mesma: “Ainda dá tempo de fugir, tu não nasceu pra isso, guria! Modelo fotográfica? Onde já se viu, não leva nenhum jeito!” – E quando finalmente decidiu virar-se para ir embora, abriram a porta:
– Oi, Julia! Chegou bem na hora, o Rodrigo acabou de chegar. Vem, vamos subir.
Droga! Já estava até suando. Sessão de fotos…onde ela estava com a cabeça quando aceitou aquilo? Ah sim, era pelo cachê. Dinheiro de meio mês de trabalho em um dia. E né? Disseram que não é nada pornográfico, que só tem uma pegada sensual, que não haverá nudez, apenas quase. “Porque eu vim fazer isso, se tenho vergonha de ficar pelada até na frente do espelho? Como eu sou idiota! E esse tal Rodrigo deve ser um ridículo, desses fortões tatuados que só pensam no próprio corpo. Será que ele vai tirar sarro de mim? Estou alguns quilos desconfortável comigo mesma…”
Foi interrompida:
– Esse é o Rodrigo, que vai fotografar contigo na sessão de hoje. Rodrigo, essa é a Julia. Como eu já expliquei antes, é um ensaio para um catálogo de tatuagens, com uma temática mais sexy. A intenção é basicamente retratar o amor entrelaçado com a arte da pele de vocês, entre lençóis. Sem mais enrolações, podem ir lá pra dentro se trocar, vocês tem 10 minutos enquanto eu monto o estúdio.
“Ah, até que ele é normalzinho…E tem tattoos bonitas. Pensando no lado artístico da coisa, vai ficar bonita a foto e…EITA! É ISSO que eu vou ter que usar? Será que não tem um maior? Gente, que treco minúsculo, vai ficar tão atochado! Ai, que vergonha!”
Já no estúdio, o fotógrafo dirigia quase que mecanicamente para onde deveriam ir, como deveriam movimentar-se e que pose deveriam fazer. A mão mais pra cima, unha mais apertada na costela dele, boca mais perto da nuca dela, levanta a blusinha dela só mais um pouquinho e…isso!
E em meio à tanta vergonha ela se deu conta que não tinha trocado uma palavra com o tal Rodrigo. O cara estava ali, apalpando sua bunda, seduzindo seus olhos e tocando seus seios toda hora e ela nem sabia como era a voz dele.
– Desculpe o silêncio, é que estou meio envergonhada. Nunca fiz isso antes.
– Não tem problema, linda. Eu faço isso há 3 anos e nunca me acostumo. Com todo respeito, seu corpo é muito bonito: combinou com esse seu estilo meio oriental. Muito bom gosto.
– O-o-obrigada.
– De nada. Quer uma dica? Apenas relaxe. Imagine que estamos numa dança e deixa que eu te conduzo. Finge por um instante que tudo isso aqui é de verdade, e que não tem ninguém ali assistindo a gente. Finge que essas são nossas preliminares. Aliás, nada mal para um primeiro encontro, né?
E em um instante, a vergonha foi embora. A vontade de ser de verdade fez todo o medo ir embora, e as fotos ficavam cada vez mais perfeitas: agora tinha olho no olho, movimentos voluntários, olhos fechados, beijos de nuca e língua por entre as coxas. Tinha arrepio real, suor involuntário e algumas mãos bobas espertas. Tinha vontade e todo o tesão (ou mais) que eles foram contratados para fingir ter. E o fato de precisar fingir que estava fingindo deixou tudo ainda mais excitante: uma tortura com gosto de sexo que precisava parecer de faz de conta.
Sentiu-se cada vez mais quente, mais molhada e mais encaixada naquele corpo que fazia caras e bocas não mais para as câmeras. Era “pela arte” que quase se despiam de verdade enquanto o faziam de mentirinha.
Três horas de tortura depois, era finalmente hora de conversar feito duas pessoas que recém se conheceram e voltar para o estágio da “paquera”, se é que nesse ponto e nesse caso, isso ainda era possível. Saíram lanchar. Ele descobriu que ela gostava de bacon e maracujá. Ela descobriu que ele não gostava de cebola.
Uma hora mais tarde, ambos descobriram que a posição favorita na cama era bem parecida. Que o gosto do beijo dele era quase doce e bastante molhado. Que ela adorava sexo oral. Que ele gemia quando ela o apertava com mais força. Que ela podia gozar várias vezes seguidas. Que ele tinha arrepios na nuca e cócegas nas coxas. Que seus corpos se encaixavam perfeitamente enquanto ele se contorcia para gozar.
E que todas aquelas fotos da tarde refletiram exatamente o que as lentes da câmera captaram.
*Para fins de direitos autorais, declaro que as imagens utilizadas neste post não pertencem ao blog.
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